This paper discusses the role of medicine, ranging from the normative and technological control of women's sexuality and reproductive process (childbirth, breastfeeding, contraception , and treatment of infertility) through the construction of a new (biological and social) reproductive model, based on a radical change of identities, relations, and forms of union between the sexes (a break with the traditional concept of marriage, growth of open unions, serial monogamy, etc.). This model is sustained by a radical distinction between sexuality and reproduction , related to a unique and horizontal model of sexuality (in opposition to the hierarchical 19th-century two-sexes model); the new model focuses mainly on pleasure and moves progressively away from social ties and affection. In addition to the contribution of medicine (notably through assisted reproduction) and sexology (universalization of the orgasm imperative), the paper also discusses the contribution of epidemiology (through AIDS-related research) to the transformation of a moral sexual norm into an abstract and merely statistical standard. Resumo O artigo discute a contribuição da medicina, segundo o controle normativo e tecnoló-gico da sexualidade feminina e do processo reprodutivo (parto, aleitamento, contracepção e tra-tamento das infertilidades) para a construção, durante o século XX, de um novo modelo de re-produção (biológica e social), calcado em uma mudança radical das identidades e das relações e formas de união entre os sexos (desagregação de laços matrimoniais tradicionais, crescimento das uniões consensuais, monogamia serial, etc.). Este modelo se sustenta em uma separação radical entre sexualidade e reprodução correlata de um modelo único e horizontal de sexualidade (contrariamente ao modelo hierárquico dos dois sexos do século XIX), dirigida primordialmente para o prazer e progressivamente desvinculada dos laços sociais e afetos que lhes são correspon-dentes. Discute, além da contribuição da medicina (notadamente a partir dos efeitos da repro-dução assistida) e da sexologia (universalização do imperativo do orgasmo), a contribuição da epidemiologia (por meio das pesquisas relacionadas à AIDS) para a transformação de uma normal moral sobre a sexualidade em uma norma abstrata e meramente estatística.
CITATION STYLE
Loyola, M. A. (2003). Sexualidade e medicina: a revolução do século XX. Cadernos de Saúde Pública, 19(4), 875–884. https://doi.org/10.1590/s0102-311x2003000400002
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.