O Brasil encontra-se em franco aprimoramen- to do seu sistema de saúde e como parte deste processo busca-se conhecer suas fortalezas e debilidades, os fatores que as determinam, e as- sim configurar o sistema.Mas incorporar a ava- liação no cotidiano do setor saúde tem apre- sentado desafios que vão desde a falta de tradi- ção em avaliar até a pouca compreensão, por parte de muitos atores, do que é o Sistema Úni- co de Saúde (SUS)1, 2. Os brasileiros optaram por um sistema de saúde que tem como valores a universalidade, a eqüidade, a integralidade e a participação comu- nitária, e cuja base é a Atenção Primária (APS). Mas existe desconhecimento sobre em que mes- mo se constitui e quais elementos da APS po- dem levar à concretização destes valores3, 4. Avaliar é uma responsabilidade e as institui- ções não podem se furtar de exercê-la. Institu- cionalizar a avaliação significa incorporá-la ao sistema, possibilitando monitorar a capacidade dos serviços em responder às necessidades em saúde; acompanhar os efeitos das intervenções; identificar e corrigir problemas5; enfim, retroa- limentar equipes de saúde, gestores, políticos e comunidades. Não avaliar pode ser comparado a pilotar um avião sem instrumentos de nave- gação aérea, sem indicadores das condições de vôo e do motor. É voar sem bússola, altímetro, velocímetro, indicadores de nível de combustí- vel, óleo e temperatura da água. A preocupação com os riscos de institucio- nalizar a avaliação e em especial o problema da aculturação, entendida como a introdução de “jeitos” de avaliar estranhos, importados, em vez do desenvolvimento do “nosso” jeito, deve ser contraposta aos valores e princípios do SUS, claros orientadores das políticas, dos modos de fazer e dos resultados a serem bus- cados. 3
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Takeda, S., & Talbot, Y. (2006). Avaliar, uma responsabilidade. Ciência & Saúde Coletiva, 11(3), 569–571. https://doi.org/10.1590/s1413-81232006000300005
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