Entendendo as visitas domiciliárias enquanto tecnologia de interação no cuidado à saúde da família, este artigo teve por objetivo compreender os significados atribuídos por essas famílias à visita domiciliária realizada pela Estratégia Saúde da Família (ESF), com a intenção de reconhecer as dificuldades e potencialidades dessa prática. Nessa perspectiva, utilizou-se abordagem qualitativa, em que os dados foram coletados através de entrevista aberta e analisados segundo a Teoria das Representações Sociais. A pesquisa foi realizada no território de abrangência de uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) localizada na zona leste do município de São Paulo, sendo selecionadas cinco famílias aleatoriamente (sorteio). Os resultados mostraram que a visita domiciliária, apesar de apresentar limitações devido à concentração em torno de práticas curativistas direcionadas aos indivíduos, que tornam secundárias a produção de autonomia e a corresponsabilização das famílias no cuidado à saúde, foi concebida como importante meio de aproximação entre as famílias e a ESF, favorecendo o acesso às ações e aos serviços de saúde, sendo apontada como instrumento de humanização da atenção à saúde ao propiciar a construção de novas relações entre usuários e profissionais e a formação de vínculo entre esses.Understanding home visiting as interaction technology in family healthcare, this article aimed to apprehend the meanings attributed by these families to the home visiting performed by Estratégia Saúde da Família (ESF - Family Health Strategy), with the purpose of recognizing the difficulties and potentialities of this practice. In this perspective, a qualitative approach was used. Data were collected through open interviews and analyzed in accordance with Social Representations Theory. The research was carried out in the catchment area of a Primary Family Health Care Unit, which is located in the east zone of the city of São Paulo, and five families were randomly selected (through a draw). The results showed that home visiting presents limitations because of curative practices directed to individuals, which makes autonomy production and accountability of the families in taking care of their health become secondary. However, home visiting was considered an important way of making the families and ESF become closer, favoring the access to health actions and services. It was pointed as a humanization instrument in healthcare, as home visiting enables the construction of new relationships between users and professionals and the formation of links among them.
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Cruz, M. M., & Bourget, M. M. M. (2010). A visita domiciliária na Estratégia de Saúde da Família: conhecendo as percepções das famílias. Saúde e Sociedade, 19(3), 605–613. https://doi.org/10.1590/s0104-12902010000300012
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