O artigo analisa uma modalidade singular de educação mediada pelo consumo da ayahuasca, bebida feita de plantas de origem amazônica utilizada no contexto ritual da religião do Santo Daime. Em função das diversas aprendizagens que engendram, essas plantas são consideradas pelos adeptos como professoras. Mas, como compreender essa educação cujo mestre não é um humano e sim uma planta? Que saberes perpassam uma tal prática educativa? Como situar epistemologicamente esse tipo de educação? São questões refletidas neste artigo que tem como objetivo analisar a dimensão educativa do daime e os saberes que perpassam essa experiência pedagógica, bem como refletir sobre a lógica epistêmica que caracteriza essa experiência. Para tanto, considera a bibliografia relativa ao uso da ayahuasca e à religião do Santo Daime, bem como depoimentos orais de pessoas que consomem o daime em diferentes regiões do Brasil e do exterior. Teoricamente, o artigo apoia-se no conceito amplo de educação como cultura suscitado por Brandão (2002); na crítica epistemológica de Boaventura de Sousa Santos (2008, 2009) relativa à soberania epistêmica da ciência em seu afã de legislar sobre o que conta como conhecimento válido, bem como no conceito de mediadores culturais do historiador Serge Gruzinski (2003).
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Albuquerque, M. B. (2018). Pedagogia da Ayahuasca: Por uma decolonização epistêmica do saber. Education Policy Analysis Archives, 26, 85. https://doi.org/10.14507/epaa.26.3519
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