Da nanociência à nanotecnologia

  • Figueira Marques E
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A realidade do futuro Quando em 29 de Dezembro de 1959, numa reunião de físicos no campus do Caltech, Richard Feynman — um dos nomes cimeiros da Física do século XX — proferiu uma célebre palestra intitulada " There's plenty of room at the bottom " (numa tradução livre: " Há imenso espaço no fundo " !...), estava lançado de forma genial, provocatória e visionária um repto científico que iria ecoar por décadas… Feynman não conhecia limites para a curiosidade e o desafio científicos, e a sua visão de ciência, partindo de uma formação física fundamental, era genuinamente holística e integrada. Os dados estavam lançados não só para físicos como para químicos, biólogos, cientistas e engenheiros da área dos materiais das gerações seguintes. Mas de que falava afinal Feynman? Dizia ele que num futuro não muito distante seria possível desenhar e construir materiais átomo-a-átomo, molécula-a-molécula por manipulação controlada e organizada (o que exigiria naturalmente o desenvolvimento de tecnologia adequada, por ex. microscopia eletrónica), sem que tal implicasse a violação de qualquer lei científica fundamental. Ficção científica? É preciso não esquecer que por essa altura, o computador mais avançado do mundo, o UNIVAC 1, ocupava uma sala inteira. Mais: Feynman previa que seria possível escrever os 24 volumes da Encyclopedia Brittanica na cabeça de um alfinete! Em 1990, cerca de 30 anos mais tarde, engenheiros da IBM em Zurique conseguiam depositar átomos de Xe numa superfície Ni de forma tão rigorosamente ordenada que o nome da empresa emergia de modo espetacular (Figura 1). Um triunfo da ciência e da técnica: o futuro tornara-se realidade. A nanociência e a nanotecnologia tinham assim dado um salto quântico irreversível. Figura 1 À esquerda: A célebre palestra de Richard Feynman noticiada à época (1959); à direita: imagem de microscopia de varrimento por tunelamento (STM, scanning tunelling microscopy) da sigla IBM, composta por átomos de Xe depositados numa superfície de Ni cristalino (110), publicada em 1990.

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Figueira Marques, E. (2014). Da nanociência à nanotecnologia. Revista de Ciência Elementar, 2(3). https://doi.org/10.24927/rce2014.058

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