O papel da democracia na representação dos interesses gerais da sociedade foi mitigado, nas últimas quatro décadas, da concorrência capitalista sob a hegemonia do capital financeiro e do pensamento neoliberal. O papel que se espera dos partidos políticos progressistas,como instituições articuladoras das demandas da sociedade numa perspectiva de transformação, foi esvaziado. O ataque ao poder dos sindicatos, protagonista das transformações sociais no capitalismo, também foi um dos focos da investida neoliberal. Em função desses fatos, nas últimas décadas, o campo progressista deixou de tratar dos grandes temas nacionais relacionados ao enfrentamento do subdesenvolvimento político, econômico e social do país. A fragmentação da luta política em torno de pautas setoriais específicas tem prevalecido ante o debate de temas estruturais. Com raras exceções, perdeu-se a perspectiva de que o encaminhamento de muitas dessas pautas segmentadas depende de superarem-se constrangimentos estruturais políticos e econômicos pensados na ótica de um novo projeto de transformação. Em última instância, os protestos populares de junho de 2013 repuseram o conflito redistributivo no centro do debate nacional. As respostas não podem ser minimalistas, mas pensadas na perspectiva de um projeto de transformação. O desafio do campo progressista é ampliar os diálogos na perspectiva de construir consensos para a formulação de um projeto nacional nucleado no combate às diversas faces das desigualdades sociais, o que demanda a construção de um campo de alianças e debates públicos cada vez mais ampliados. Este ensaio sugere pontos de uma agenda sobre a dimensão social do desenvolvimento. Essa via poderá abrir pistas para que a luta política se liberte dos labirintos em que está enredada.
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Fagnani, E. (2015). Fragmentação da luta política e agenda de desenvolvimento. SER Social, 16(35), 253. https://doi.org/10.26512/ser_social.v16i35.13396
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