Etnomusicologia: da música brasileira à música mundial

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Abstract

A idéia de organizar uma coletânea de trabalhos de etnomusicologia para um dossiê temático da Revista USP foi pela primeira vez pronunciada por João Baptista Borges Pereira, professor emérito do Departamento de Antropologia da USP por ocasião do III Encontro Nacional da Associação Brasileira de Etnomusicologia no Sesc Pinheiros em São Paulo (novembro de 2006). A proposta era interessante, pois foram raras até então as oportunidades de se apresentar textos de especialistas na área dirigidos a um público interessado e acadêmico, porém não necessariamente conhecedor de antropologia da música.Os textos selecionados para compor o dossiê tratam de vários aspectos e de diferentes formas de pesquisa e de se pensar a etnomusicologia, que, grosso modo, pode ser entendida como o estudo do ser humano que faz música. O que distingue a etnomusicologiada musicologia histórica – mais dedicada a fontes escritas– é dar ênfase ao estudo do fazer musical e à criação que daísurge, independente da origem cultural e do lugar geográfico darespectiva manifestação. Dessa maneira, a etnomusicologia temuma afinidade muito grande com a antropologia, principalmentetambém por tratar de manifestações ligadas a redes de relaçõessociais ou culturais mais amplas e não necessariamente inseridasno universo letrado.Instituída há pouco mais de cem anos na Europa, aetnomusicologia entende que há inúmeras formas de se fazermúsica diferenciada dos cânones ocidentais. Buscar entenderessas manifestações musicais de outros continentes significa estudá-las, e estudá-las exige um conhecimento mais aprofundadoda sociedade em foco, ao mesmo tempo que conhecer outrascivilizações é também emancipar-se das normas ao próprio redor,relativizando-as, para, inclusive, enxergar a própria cultura comoutros olhos, e, por conseguinte, ouvi-la com outros ouvidos.Na era das comunicações instantâneas e da globalização, umapercepção como essa tinha que ganhar muita força e incentivar odebate em torno do entendimento (ou não) entre diferentes povose mentalidades. A etnomusicologia acompanhou esse desenvolvimento,quase que como uma disciplina irmã da antropologiacultural, sem abandonar por completo a musicologia histórica,embora liberta do imperativo do pensamento musical ocidentaloitocentista, que perdura, largamente, nas grades curricularesdos conservatórios de música até hoje.---

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Pinto, T. de O. (2008). Etnomusicologia: da música brasileira à música mundial. Revista USP, (77), 6–11. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i77p6-11

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