A pressão arterial (PA) é uma variável cuja quantificação em sessões de treinamento é desejável, já que tem relação com as demandas cardiovasculares no esforço. No caso de exercícios contra-resistência (ECR), porém, os valores obtidos estão sujeitos a erros, dependendo da técnica de medida adotada. Este texto tem por objetivo revisar os métodos de medida da PA no ECR, sugerindo formas de reduzir as discrepâncias das medidas indiretas quando comparadas com o método direto. A medida direta da PA é feita por cateterismo intra-arterial (CI). Este método é tido como padrão-ouro mas, devido a sua natureza invasiva, é um procedimento pouco usual. Além disso, sua aplicação não seria indicada em indivíduos assintomáticos, uma vez associada a riscos de dor, espasmo e oclusão arterial, síncope vasovagal e sangramento. Dentre os métodos indiretos, destacam-se o fotoplestimográfico (Finapres) e o auscultatório (MA). Poucos são os estudos comparativos entre esses procedimentos de medida durante ECR, a ênfase sendo maior em atividades aeróbias e no repouso. Dentre os estudos revisados, não foram localizados trabalhos comparando o CI com Finapres durante ECR e apenas três com o método auscultatório. Em suma, o CI parece pouco viável e ético para quantificar a PA em ECR. O Finapres é considerado o melhor procedimento indireto, mas depende de equipamento, cujo custo é elevado e a fabricação, suspensa. O MA pode subestimar o valor real da PA, em função de limitações inerentes à técnica e das características dos exercícios observados. No entanto, alguns procedimentos durante a mensuração podem reduzir essas diferenças, como realizá-la o mais tardiamente possível, antes do término do exercício. Enfim, apesar das discrepâncias referentes aos valores absolutos, as medidas obtidas pelo método auscultatório podem ser sensíveis para identificar tendências do impacto sobre a PA, decorrentes de diferentes situações de prescrição de ECR.Cardiovascular demands during exercise are related to arterial blood pressure (BP). However, BP assessment during resistive exercises (RE) can be biased by limitations of measurement techniques. The purpose of this paper was to review the methods of BP assessment during RE, and to suggest ways to minimize differences between indirect and direct methods. Intra-arterial catheterism (IC) is considered the gold-standard for BP assessment. However, its application is unusual and not recommended for healthy individuals, due to enhanced risk of pain, arterial spasm and occlusion, syncope, or blending. The most common indirect methods are the photoplethysmographic (Finapres) and auscultation (AU) techniques. There are few studies comparing these methods during RE. Only one paper was found comparing IC to Finapres, and three comparing IC to AU. In conclusion, despite its precision, IC utilization to assess BP during RE in healthy subjects seems not to be feasible nor ethical. Finapres is considered the best indirect procedure, but it relies on an expensive device which is no longer available, since its production was discontinued. On the other hand, AU can lead to important underestimation of the actual BP values, depending on the exercise characteristics. Some recommendations can be adopted to reduce these differences, such as making the measurement the latest possible before the end of the exercise. The absolute differences between AU and the other methods notwithstanding, it seems that it is adequate to identify trends of BP profile associated to different RE situations.
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Polito, M. D., & Farinatti, P. de T. V. (2003). Considerações sobre a medida da pressão arterial em exercícios contra-resistência. Revista Brasileira de Medicina Do Esporte, 9(1), 25–33. https://doi.org/10.1590/s1517-86922003000100005
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