O texto apresenta alguns resultados, ainda provisórios, de uma investigação em curso, cujo objectivo central passa por conhecer melhor as consequências pessoais do desemprego, em particular a relação deste com situações de pobreza. Embora estas duas realidades – desemprego e pobreza – não se sobreponham necessariamente, a verdade é que, com frequência, se encontram. Foi nesta ideia que se fundou a hipótese de partida – a de que o desemprego é gerador de situações de risco de pobreza. Eis as duas questões, inicialmente formuladas, que serviram de fio condutor à pesquisa. Em que medida é que o desemprego se pode tornar fonte de pobreza? E como é que esta relação se passa num “território-laboratório” concreto (o distrito de Coimbra) e num tempo (2000-2005) definidos? Os resultados obtidos apontam no sentido de considerar que, embora de forma diferenciada, as consequências geradas pelo desemprego, tanto no plano objectivo quanto no subjectivo, estão na origem de múltiplas manifestações de pobreza, que, na sua maioria, podem designar-se de “suaves” e “integradas”. Nesse sentido, defende-se que, à semelhança da pobreza mais “severa”, estas manifestações, apesar de “envergonhadas” e, por isso, menos visíveis, não podem deixar de ser também combatidas pela via da intervenção pública.
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Caleiras, J. (2008). Do desemprego à pobreza? Trajectórias, experiências e enfrentamentos. E-Cadernos CES, (02). https://doi.org/10.4000/eces.1472
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