O presente artigo tem como objetivo analisar o discurso de crise da educação que permeia a nossa sociedade na contemporaneidade, par-tindo do fato de que a educação não realizou sua imediata adesão aos fundamentos propos-tos pela reforma da educação que procurava promover a apropriação do chamado modelo de competências. Procuramos verificar de que forma o modelo de competências tem impacta-do na formulação de um discurso de crise que não configura propriamente uma tarefa educa-cional. Para isso, desenvolvemos uma análise das reformas educacionais ocorridas nos anos 90 a partir de uma perspectiva sociológica, buscando compreender o contexto em que se produziu intensa pressão para que as escolas preparassem o trabalhador adequado às novas demandas do capital. Para a realização da tare-fa proposta, consideramos ainda que o conceito de desencantamento do mundo é bastante útil para compreendermos o fascínio do fetiche do consumismo em proporção ao desencantamen-to da educação. Pudemos concluir que predo-mina a lógica de uma educação instrumental e adaptativa, e que esta se realizou na medida em que as intenções de reforma se materializavam em políticas públicas com o modelo de compe-tências. Há um intenso processo de mediação entre a crise da educação e a não apropriação no espaço escolar da pedagogia das compe-tências, pois esta conduz à impossibilidade de compreender as tarefas epistemológicas de educação, colocando sobre esta expecta-tivas que não lhe competem, causando assim um discurso de crise que revela uma postura de alienação diante dos problemas mais am-plos da sociedade.
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De Proença-Lopes, L., & De Assis Zaremba, F. (2014). O discurso de crise da educação: crítica ao modelo de competências desde a epistemologia da educação. Revista Historia de La Educación Latinoamericana, 15(21), 283–304. https://doi.org/10.19053/01227238.2474
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