O surgimento das denominadas “Clínicas do Trabalho” como um agrupamento de campos metodológicos – evidenciados por uma perspectiva clínica de análise da complexidade das relações de trabalho e de compreensão da interação entre questões subjetivas e organizacionais do trabalho – aponta também para a leitura “ampliada” e multifacetada inerente à psicologia do trabalho atual. Embora não constituam uma escola única de pensamento, as Clínicas do Trabalho compartilham posicionamentos críticos frente às problemáticas que envolvem a intricada relação entre subjetividade e trabalho, tendo como principais interesses suas dimensões simbólicas e culturais, inerentes às vinculações interpessoais, e a questão da atividade no trabalho (i.e., ação e poder de ação do sujeito na situação de trabalho). A pesquisa, que atrela os recortes social e clínico, extrapola a definição mais técnica ou formal de trabalho, emprestando a ela a ideia de implicação subjetiva bem como de construção de significados e sentidos protagonizados pelo sujeito em situação, considerado essencialmente em sua dimensão histórica e como ator social; suas propostas de intervenção vêm conjuntamente, nesta mesma perspectiva, e buscam a construção de um saber inerente à realidade do trabalho, inseparável da experiência de onde emerge e dos sujeitos que a constroem – pautando tal compreensão justamente pela complexidade da situação, junto de seus conflitos, dificuldades e questionamentos. Neste artigo, buscamos discutir algumas características fundamentais desta perspectiva metodológica voltada às questões do trabalho a partir das contribuições da Psicossociologia francesa.
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Casadore, M. M. (2016). Sobre os aspectos clínicos e a complexidade do trabalho: as clínicas do trabalho compreendidas pela perspectiva da Psicossociologia. Cadernos de Psicologia Social Do Trabalho, 19(2), 177. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v19i2p177-185
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