A imprecisão do conceito de autismo pode ser vista pela diversidade de quadros clínicos que entram neste conceito, assim como pelos diferentes enfoques teóricos que procuram explicá-lo. Desde a descrição de Kanner, o autismo tem sido visto ora como um problema afetivo/social, ora como um problema cognitivo. Nas décadas 1970/80, alguns autores consideraram o prejuízo social como primário no autismo enquanto outros defenderam o prejuízo da habilidade cognitiva da linguagem. Este debate mostrou-se inconclusivo. Hoje predominam dois enfoques teóricos: o cognitivista e o desenvolvimentista que resgata a visão de autismo como um problema afetivo/social e dissolve a oposição social x linguagem na medida em que um de seus pressupostos epistemológicos é conceber a linguagem verbal como uma atividade social cujos precursores são encontrados nas comunicações não-verbais mãe-bebê. O objetivo deste artigo é iniciar uma reflexão a respeito da relevância do esclarecimento dos pressupostos epistemológicos e das implicações de diferentes enfoques teóricos do autismo para a busca da etiologia e para a intervenção.
CITATION STYLE
Lampreia, C. (2004). Os enfoques cognitivista e desenvolvimentista no autismo: uma análise preliminar. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17(1). https://doi.org/10.1590/s0102-79722004000100014
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.