Apesar do grande número de praticantes do surfe no Brasil, nenhum trabalho científico nacional foi dedicado à caracterização e análise epidemiológica das lesões esportivas desse grupo. Pretendeu-se com este estudo identificar os tipos e lesões mais freqüentes relacionadas à prática do surfe recreacional e competitivo no Brasil. Estudaram-se suas causas, a parte do corpo atingida, sua gravidade, relacionadas às diferentes condições de surfe. Foram distribuídos 21.300 questionários pelos Estados litorâneos do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Um banco de dados foi montado com respostas de 930 praticantes, que relataram 927 lesões que necessitaram atenção médica ou que impediram a prática do surfe por um ou mais dias (num período de três anos). A população incluiu 67,5% surfistas recreacionais, 29,4% amadores e 3,1% profissionais, a maior parte do sexo masculino (95,3%); 56,6% praticam o esporte há mais de cinco anos. A média de idade foi de 23,7 anos (DP = 6,30). A maioria das lesões foi de natureza traumática (82,5%) e ocorreu durante a prática do surfe recreacional (96,2%). As lesões mais comuns foram as lacerações (44%), as contusões (16,9%) e as lesões musculoligamentares (15,5%); 38% das lesões atingiram os membros inferiores, 17,9% os membros superiores e 15,6% a cabeça. O tempo de afastamento da prática do surfe devido à lesão foi: 54,2% até 7 dias, 20,7% entre 7 e 14 dias, 10,1% entre 14 e 30 dias e 14,8% mais de 30 dias. Nesta amostra, a incidência de lesões foi de 2,47 para cada mil dias de surfe. Esta incidência foi inferior à obtida em outros estudos. Apesar da alta incidência de lesões traumáticas neste estudo, a alta prevalência de dores lombares recorrentes (28,4%), dores no pescoço (27,3%), dores nos ombros (20,5%) e dores nos joelhos (12,5%) sugere que as lesões de esforço repetido sejam um problema comum entre os surfistas.Surfing has become extremely popular in Brazil. Information on the rate and spectrum of surfing injuries in Brazil is quite limited. The objectives of this study were to investigate the incidence of surfing injuries in Brazil and to analyze the types, causes, part of body, and severity of injuries associated to recreational and competitive surfing, and related to different surfing conditions. Nine hundred and thirty surfers answered a comprehensive questionnaire and reported 927 injuries (over a period of three years) requiring medical attention or resulting in inability to surf for one or more days. The population included recreational (67.5%), amateur (29.4%), and professional (3.1%) male surfers. Mean age was 23.7 years (SD = 6.30). Fifty-nine percent had more than 5 years of surfing experience. Most injuries were traumatic in nature (82.5%) and occurred during free surfing (96.2%). The most common injuries were laceration (44%), contusion (16.9%), muscle and ligament injury (15.5 %). Thirty-eight percent of the injuries were in the lower limbs, 17.9% in the upper limbs, 15.6% in the head. Total restriction from surfing following injuries was 54.2% up to 7 days, 20.7% from 7 to 14 days, 10.1% from 14 to 30 days, and 14.8% more than 30 days. The rate of moderate to severe injuries among this sample was 2.47 injuries per 1000 surfing days. Compared to other studies, the total incidence was low. Despite the high incidence of traumatic injuries, the prevalence of recurrent lower back pain (28.4%), neck pain (27.3%), shoulder pain (20.5%), and knee pain (12.5%) in this study suggest overuse injuries as a common problem among surfers.
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Steinman, J., Vasconcellos, E. H., Ramos, R. M., Botelho, J. L., & Nahas, M. V. (2000). Epidemiologia dos acidentes no surfe no Brasil. Revista Brasileira de Medicina Do Esporte, 6(1), 9–15. https://doi.org/10.1590/s1517-86922000000100004
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