Como psicóloga e pesquisadora de questões relacionadas às prisões há 22 anos considero um grande desafio tentar organizar algumas poucas reflexões que possam levar o leitor a se interessar e conhecer aquilo que muitos agentes de segurança penitenciária descrevem como "o outro mundo das prisões". É impossível negar-quer na condição de interno quer de trabalhador-os múltiplos efeitos que as prisões produzem às subjetividades que lá se encontram na condição de "encarcerados". Como tantos que lá estiveram durante algum tempo, pude viver e sentir mudanças na forma de "ver" e "pensar" as prisões. Muito ainda existe para ser conhecido, mas deixo aqui registradas algumas de minhas considerações. Não vou, nestas poucas páginas, desgastar o leitor apresentando idéias sobre a natureza e a função social das prisões., apresentaram visões contundentes sobre o poder que essas instituições têm de restringir a experiência humana a um mínimo quase insuportável promovendo um trágico fim àqueles que se revoltam ou enlouquecem. Embora seja necessário admitir que, em se tratando de seus mecanismos disciplinadores e de sua visão focada sobremaneira na segurança, as prisões produzem em seus internos-quer sejam
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Lopes, R. (2007). Memórias de pesquisa: a experiência de uma psicóloga no interior de uma prisão feminina. Imaginário, 13(14), 439. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1616.v13i14p439-459
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