Este artigo discute como as relações de trabalho influenciam os modos de subjetivação e quais suas conseqüências frente ao desemprego estrutural, considerando que a atribuição moral da categoria de trabalhador permanece inalterada apesar das atuais modificações sociais. Debate também as formações discursivas que perpassam a prática dos psicólogos e quais suas repercussões na discussão de programas de saúde. Este artigo tem como objetivo discutir como as relações de trabalho influenciam os modos de subjetivação e quais as conseqüências destes, enfocando questões centrais da atualidade como o desemprego estrutural, o sofrimento psíquico dos desempregados e as formações discursivas que perpassam e pautam a prática dos diferentes fazeres da Psicologia. Primeiramente, se fará uma análise histórica, discutindo como, conjuntamente com o advento do Capitalismo, inicia-se a exaltação do trabalho com base de sustentação no campo das idéias. Para tanto, pontuar-se-á as modificações ideológicas e os mecanismos de controle social, abordando como estes determinam a inserção social, através da associação ideológica trabalho/honestidade e da atrelagem dos conceitos de emprego e trabalho. A seguir, discute-se que, apesar das modificações no mundo do trabalho e da realidade de desemprego estrutural, a atribuição moral da categoria de trabalhador assalariado permanece inalterada, ocasionando sofrimento psíquico àqueles que não conseguem inserir-se no mercado de trabalho. Por fim, propõe-se um debate sobre as formações discursivas que perpassam a prática dos profissionais de Psicologia e quais as conseqüências destas para a discussão da realidade de desemprego estrutural e sofrimento psíquico dos trabalhadores, visto que entende-se que promoção de saúde envolve posicionamento político e luta por cidadania.
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Wickert, L. F. (1999). O adoecer psíquico do desempregado. Psicologia: Ciência e Profissão, 19(1), 66–75. https://doi.org/10.1590/s1414-98931999000100006
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