Objetivos: avaliar os aspectos epidemiológicos e os relacionados ao parto de gestantes e puérperas transferidas para unidades de terapia intensiva (UTI's) e a freqüência com que estas pacientes necessitam de cuidados intensivos. Métodos: estudo observacional e descritivo das transferências obstétricas para UTI's, entre janeiro de 1999 e dezembro de 2001. A análise incluiu as seguintes variáveis: idade materna, paridade, indicações obstétricas e não-obstétricas para as transferências, momento em que estas ocorrem no ciclo gravídico-puerperal, tipo de parto, desfecho materno e freqüência com que estas transferências ocorrem em relação ao número total de partos (razão de morte iminente -RMI). A análise estatística foi realizada pelo teste do X² ou teste exato de Fisher, com nível de significância fixado em 5 por cento. Resultados: no período de 36 meses, ocorreram 86 transferências maternas (em 4.560 partos). Entre as pacientes transferidas, 52,3 por cento (n=45) eram nulíparas e 63 (73,2 por cento) tinham idade entre 19 e 35 anos. As síndromes hipertensivas representaram 57,7 por cento (n=41) das indicações e as síndromes hemorrágicas, 19,7 por cento (n=14). Eclâmpsia (n=23), síndrome HELLP (n=13) e descolamento prematuro da placenta normalmente inserida (n =5) foram as causas obstétricas mais prevalentes na determinação destas transferências. As cardiopatias maternas somaram 4 casos entre as indicações não-obstétricas. Houve predomínio das transferências puerperais (82,35 por cento). Cinqüenta e cinco pacientes (72,3 por cento) tiveram seus partos realizados através de cesarianas. O tempo médio de internação nas UTI's foi 5,1 dias. A mortalidade materna encontrada neste estudo correspondeu a 24,2 por cento, sendo que as síndromes hipertensivas foram responsáveis por 52,9 por cento (9/17) das mortes obstétricas diretas. Não houve diferença significante (p=0,81) entre os decessos matemos e suas causas (síndromes hipertensivas, hemorrágicas, infecciosas ou outras) ou entre mortalidade materna e duração da internação (< ou > 48 horas) nas UTI's (p=0,08). A RMI encontrada foi de 18,8/1.000 partos. Conclusões: a necessidade de cuidados intensivos estimada pela RMI foi de 18,8/1.000 partos, sendo que as síndromes hipertensivas induzidas pela gestação foram responsáveis pela maioria das indicações para as transferências maternas. (AU)
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Viggiano, M. B., Viggiano, M. G. C., Souza, E. de, & Camano, L. (2004). Necessidade de cuidados intensivos em maternidade pública terciária. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 26(4), 317–323. https://doi.org/10.1590/s0100-72032004000400009