RESUMO Objetivo investigar a influência da timidez autorreferida na desvantagem vocal percebida, de acordo com a presença ou ausência de queixa vocal, em profissionais da voz. Métodos duzentos e oito profissionais da voz (média de 36 anos, desvio padrão: 11,5), entre cantores, atores, advogados, locutores, telejornalistas, palestrantes, professores e vendedores, com ou sem queixa vocal, responderam a um questionário on-line que continha uma ficha de identificação pessoal, o Índice de Desvantagem Vocal - IDV-10 e a Escala de Timidez Cheek & Buss. Resultados dos 208 profissionais da voz, 28% apresentaram desvantagem vocal, sendo que cerca de 60% destes eram tímidos; mais de 70% não apresentaram desvantagem vocal e destes, apenas 26% eram tímidos. Sendo assim, profissionais da voz tímidos falharam mais no IDV-10 do que os não tímidos. Entre os profissionais da voz que apresentaram desvantagem vocal, 66% tinham queixa vocal, enquanto 34% não apresentaram queixa. Dos sujeitos com desvantagem e queixa vocal, 54% eram tímidos e 46% não tímidos, sem diferença estatística entre estes dois grupos. Já entre os sujeitos com desvantagem, porém sem queixa vocal, 70% eram tímidos, e 30% não tímidos, havendo diferença entre eles. Conclusão a timidez pode ser um fator de confundimento para percepção de desvantagem vocal, o que indica que profissionais da voz podem falhar em um teste de autoavaliação vocal em decorrência da timidez e não de um distúrbio de voz, propriamente dito.ABSTRACT Purpose to investigate the influence of self-reported shyness on the noticed vocal handicap, according to the presence or absence of a vocal complaint, in professional voice users. Methods two hundred and eight professional voice users (mean age 36 years), among them: singers, actors, lawyers, announcers, newscasters, speakers, teachers and salespeople, with or without vocal complaint, answered an online questionnaire, which had a personal identification card, the Vocal Handicap Index - VHI-10, and the Shyness Scale. Results of the 208 voice professionals, 28% presented vocal handicap, which about 60% of that are shy; more than 70% had no vocal handicap, and of these, only 26% were shy. From that, it is concluded that shy professional voice users failed more in VHI-10 than non-shy. Among professional voice users who presented vocal handicap, 66% had vocal complaints, while 34% did not complain. Of the participants with vocal handicaps and complaints, 54% were shy and 46% were not shy, with no statistical difference between these two groups. Among those with a vocal handicap, however without vocal complaints, 70% were shy and 30% were not shy, having a statistical difference between them. Conclusion shyness may be a confounding factor for the perception of vocal handicap, which shows that professional voice users may fail in a self-reported voice assessment test because of shyness rather than a voice disorder itself.
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Fernandes, G., Madazio, G., Vaiano, T. C. G., & Behlau, M. (2020). A timidez e desvantagem vocal em profissionais da voz. Audiology - Communication Research, 25. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2020-2304
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