RESUMO A climatologia está no centro de um dos debates mais polarizados da atualidade, apresentado como confronto entre os defensores da existência de um aquecimento global antropogênico e aqueles que rejeitam sua existência. A instituição chave para esse tema é o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um corpo simultaneamente científico e político. O debate surge aí mesclado com a discussão política sobre as respostas adequadas ao aquecimento global. Mas, rechaçados nesse terreno, os negacionistas transpõem o debate para a mídia, onde mobilizam a pseudociência para deslegitimar as conclusões das disciplinas científicas ligadas ao entendimento do clima. Temos, assim, uma produção consciente da ignorância em larga escala sobre o tema do aquecimento global, demandando o uso da agnotologia para desvendar o mecanismo de produção da ignorância. A climatologia revela-se, então, um campo exemplar para o estudo da inserção histórico-social do conhecimento científico e das tensões e trajetórias conflitivas no seu interior, dos dilemas éticos que coloca e das possibilidades universalistas do conhecimento científico na era da tecnociência.
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LEITE, J. C. (2015). Controvérsias na climatologia: o IPCC e o aquecimento global antropogênico. Scientiae Studia, 13(3), 643–677. https://doi.org/10.1590/s1678-31662015000300008
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