O conceito de autonomia já foi utilizado para estabelecer interlocuções entre a proposta educacional de Paulo Freire e a Análise do Comportamento. Neste artigo, são examinadas as teses ontológicas subjacentes ao conceito de autonomia de Freire. O objetivo é delinear convergências ontológicas entre as concepções freiriana e comportamentalista radical de autonomia, discutindo suas possíveis articulações éticas e políticas. Para tanto, são analisadas: 1) suposições ontológicas da noção freiriana de autonomia; 2) possíveis pressupostos ontológicos de um conceito comportamentalista radical de autonomia compatível com o conceito de Freire; 3) uma concepção política de autonomia baseada em conceitos e princípios do Comportamentalismo Radical. Uma interpretação ontológica não-determinista dos pressupostos teóricos da Análise do Comportamento mostrou mais afinidades com os compromissos ontológicos do conceito de autonomia de Freire. Esta interpretação ontológica é consistente com um sentido político de autonomia identificado na literatura analítico-comportamental, elucidado pelos repertórios de autocontrole e contracontrole, e pelo estabelecimento de condições que permitam a discriminação de controles sociais tácitos, responsáveis pela manutenção de relações de poder assimétricas entre os indivíduos e entre grupos na sociedade. Uma proposta educacional analítico-comportamental informada pelo conceito político de autonomia poderia nortear o desenvolvimento de uma tecnologia de ensino comprometida com a transformação das condições subjugadoras de povos historicamente oprimidos.Palavras-chave: Paulo Freire, comportamentalismo radical, autonomia, política, ontologia.
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Flores Júnior, C. R., Barbosa, D. S., & Laurenti, C. (2021). Autonomia, educação e compromisso social: convergências ontológicas entre Paulo Freire e o Comportamentalismo Radical. Revista Brasileira de Análise Do Comportamento, 17(2). https://doi.org/10.18542/rebac.v17i2.11016
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