COM INTERESSE QUE RETOMO a questão psicanálise e psicoterapias (1), objeto de um dos meus primeiros trabalhos, exposto em jornada do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae (2). Reportan-do-me a esse texto, acrescentarei algumas idéias que nele não estão inseridas. Espero ter aprendido alguma coisa mais sobre o tema de 1982 para cá... Minha apresentação terá como base, ainda, uma das perguntas feitas na entrevista que dei para o jornal do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (3): como caracterizar a relação entre a psicanálise e as psicoterapias? Nessa questão, era possível notar certo desejo de canalizar a psicanálise para a área de competência do Conselho de Psicologia. Se a psicanálise é uma parte da psicologia, então deveria ser exercida por psicólogos e regulamentada como as suas demais atri-buições. Em minha opinião, quando esta é a implicação, o problema deixa de pertencer à esfera científica ou à esfera ética, passando a ser uma questão de reserva de mercado. Como me oponho a qualquer tipo de reserva de mercado – e não por tendências neoliberais, mas porque na área do conhecimento reserva de mercado equivale a obscurantismo – preferi tentar colocar a questão em ou-tros termos, o que desejo lhes apresentar nesta breve intervenção. outros textos da época, afirma que a psicanálise é uma psicoterapia. A relação entre ambas é por-tanto da espécie ao gênero, da parte ao todo. Mas é preciso entender tal afirma-ção com cuidado porque, obviamente, o que Freud chamava de psicoterapia naquela época – e que fundamenta o seu argumento – já não corresponde ao que hoje é definido pela mesma expressão: as mais de duzentas práticas que foram mencionadas, neste evento, por Dr. Weil. Psicoterapia era, em 1904, um método de trabalho pertencente à medici-na, que procurava curar as doenças ditas nervosas por meios psíquicos e não por meios físicos. Tais doenças eram a histeria, a neurastenia, a melancolia, entre outras. A própria classificação destas doenças era confusa; entre 1890 e 1910, Freud propôs diversas formas para estabelecê-la. De modo geral, uma doença
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Mezan, R. (1996). Psicanálise e psicoterapias. Estudos Avançados, 10(27), 95–108. https://doi.org/10.1590/s0103-40141996000200005
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