Este artigo é resultado de uma pesquisa sobre as origens e a difusão do topônimo Zona Sul na cidade do Rio de Janeiro e suas implicações sobre a geografia da cidade, uma vez que em torno de um topônimo se aglutinam representações e pode surgir uma identidade do lugar. Empreendeu-se uma pesquisa na legislação urbanística, em três periódicos distintos, nos textos geográficos e na música popular, com o objetivo de verificar o surgimento do topônimo Zona Sul no Rio de Janeiro. Verificou-se que a difusão e consolidação daquele topônimo ocorreram quando a Zona Sul estava em franco processo de expansão e valorização, afirmando-se como área de auto-segregação das camadas mais abastadas da cidade. O bairro de Copacabana, nela situado, quando da consolidação do topônimo, já havia se tornado, na “utopia urbana”, objeto de desejo enquanto local de moradia e lazer de grande parte da população e destino turístico internacional, ensejando um novo surto de especulação imobiliária que levou à acentuação da verticalização e à construção dos primeiros apartamentos conjugados. Isso acabou por incentivar a difusão do topônimo para outros bairros adjacentes. O surgimento do topônimo Zona Sul permitiu também, com sua criação e difusão, a constituição e expansão de uma identidade dos moradores desta parte da cidade, a princípio restrita a alguns bairros e depois difundida para outros. No periódico Beira-Mar, jornal local, várias vezes pudemos encontrar o termo “aquém túneis”, para definir esta identidade da Zona Sul com representações extremamente positivas sobre a área. Estas representações e esta identidade proporcionaram àquela parte da cidade um poder, que vem até os dias atuais, de pressionar o poder público para obter os melhoramentos com os quais sempre é agraciada.
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Cardoso, E. D. (2011). A invenção da Zona Sul: Origens e difusão do topônimo Zona Sul na geografia carioca. GEOgraphia, 11(22), 37. https://doi.org/10.22409/geographia2009.v11i22.a13581
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