O trabalho em TI envolve ocupações em que prevalece um nível de escolaridade do médio ao superior, desempenhadas num campo heterogêneo de atividades econômicas. O objetivo neste artigo é analisar as discrepâncias, em termos de rendimentos e inserção na ocupação, relacionadas a raça/cor e gênero no setor de TI. As principais fontes de dados provêm de bases governamentais (Censo, PNAD, RAIS), mas também da literatura sobre trabalho em TI, principalmente nas áreas de sociologia do trabalho, economia e política científica. Verifica-se, em relação a gênero, não propriamente uma diferença pronunciada na média dos rendimentos de homens e mulheres, mas inserções distintas na hierarquia ocupacional, até com inversão do diferencial de rendimentos em ocupações menos prestigiadas. A identidade profissional nas ocupações mais valorizadas do setor é pautada pela valorização da incerteza e do risco, comportamentos tradicionalmente associados, por construção de gênero, ao masculino. A respeito de raça vigora um diferencial negativo de rendimentos para trabalhadores/as negros/as. O método de decomposição de Oaxaca-Blinder revela, na explicação desse diferencial, um resíduo que indica a existência de relações discriminatórias no setor, que passam pela escolarização, pela idade, pela estabilidade na ocupação e pela inserção ocupacional, até chegar aos rendimentos.
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Nunes, J. H. (2016). Gênero e raça no trabalho em tecnologia da informação (TI). Ciências Sociais Unisinos, 52(3). https://doi.org/10.4013/csu.2016.52.3.09
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