Na sombra de 1989: economia política internacional depois do fim da história*

  • Rodrigues J
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Abstract

Quase três décadas depois de 1989, argumenta-se que continuamos a viver na sombra de um ano em que iniciaram transformações de alcance global: em termos de economia política, a crise fatal do socialismo implicou que o capitalismo, cuja viragem neoliberal se acentuou, deixou de ter freios e contrapesos sistémicos. Este diagnóstico será explorado através da escalpelização de duas fórmulas e de um documento, surgidos, talvez não por acaso, em 1989: o Consenso de Washington, o fim da história e o chamado Relatório Delors sobre a União Económica e Monetária. Vistos de forma articulada, eles refletem bem alguns dos elementos centrais de uma economia política internacional, de matriz neoliberal, ainda hoje por superar no campo institucional, devido em parte à ausência de medo entre as elites do poder. No final, em jeito de conclusão, sugere-se uma pista populista para o início da eventual superação deste perverso estado de coisas.This article argues that nearly three decades after 1989, a year marking the onset of wide-reaching global transformations, we still live under the shadow of one of its main consequences in terms of political economy: the fatal crisis of socialism implied that capitalism, whose neoliberal turn intensified, ceased to be subject to systemic checks and balances to its action. This diagnosis will be explored through the detailed analysis of two formulas and a document that appeared, perhaps not by chance, in 1989: the Washington Consensus, the end of history and the so-called Delors Report about the European Monetary Union. Seen together, they reflect some of the central planks of an international political economy of a neoliberal bent, still to be surpassed institutionally, due to the lack of fear among the power elites, among other factors. The article concludes by making a populist proposal to begin the process of reversing this perverse state of affairs.Presque trois décennies après 1989, nous soutenons que nous continuons à vivre à l’ombre d’une année durant laquelle se firent jour des transformations de portée mondiale: la crise fatale du socialisme a impliqué que le capitalisme, dont le penchant néolibéral s’est accentué, a cessé d’avoir des freins et des contrepoids systémiques. Nous exploiterons ce diagnostic par le biais de la scalpelisation de deux formules et d’un document, qui ne sont peut-être pas apparus par hasard, en 1989: le Consensus de Washington, la fin de l’histoire et le dénommé Rapport Delors sur l’Union Économique et Monétaire. Vus de façon articulée, ils sont bien le reflet de quelques-uns des éléments centraux d’une économie politique internationale, au caractère néolibéral, qui reste encore aujourd’hui à dépasser en termes institutionnels, en partie en raison de l’absence de crainte parmi les élites du pouvoir. Enfin, en guise de conclusion, nous suggérons une piste populiste pour le début d’un éventuel dépassement de ce pervers état de choses.

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Rodrigues, J. (2018). Na sombra de 1989: economia política internacional depois do fim da história*. Revista Crítica de Ciências Sociais, (Número especial), 189–216. https://doi.org/10.4000/rccs.7834

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