O ensaio que se segue procura analisar o estatuto do sofrimento na contemporaneidade diante da disponibilidade de psicofármacos de última geração. Para isso restringimos a ideia ampla de sofrimento num conceito mais específico, i. e., o de melancolia. Tomando a melancolia como momento existencial fundamental para o estabelecimento de uma dinâmica moderna da subjetividade, postulamos que o psicofármaco age de modo a tornar supérfluo o trabalho de significação implícito em tal dinâmica. O que torna esse trabalho desnecessário não é apenas um esvaziamento da subjetividade, da interioridade, como estratégia de significação existencial, mas o próprio falar que, reduzido à condição de instrumento de performance, já não se permite colocar de modo radical a questão do sofrimento humano.The following essay intends to analyse the contemporary statute of suffering in face of the availability of last generation psychopharmaca. Bearing in mind this general goal we restrict the broad idea of suffering into a more specific concept, i. e., that of melancholy. Taking melancholy as an existential and fundamental moment for establishing the modern dynamics of subjectivity, we postulate that psychopharmacon acts as to make superfluous the labor of signification which is implicit in such a dynamics. What makes unnecessary such a work is not only the emptying of subjectivity, of interiority, as a strategy of existential signification, but the very speech itself which, reduced to the condition of a tool at the service of performance, does not allow itself to radically formulate the question of human suffering.
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Ferreira, J. (2014). Sofrimento e Silêncio: apontamentos sobre sofrimento psíquico e consumo de psicofármacos. Forum Sociológico, 24, 121–128. https://doi.org/10.4000/sociologico.1133
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