INFLUÊNCIA DA VEGETAÇÃO NOS PROCESSOS FLUVIAIS DE BACIAS DE 1ª ORDEM

  • FARIA A
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RESUMO Nas calhas dos canais de primeira ordem de áreas florestadas, como no maciço da Tijuca (RJ), grandes cargas de folhas, galhos e troncos caem e interferem nos fluxos de água de diversas formas: a) produzindo barragens efêmeras que controlam a velocidade dos fluxos; b) criando zo-nas de sedimentação nos lagos formados pelas barragens e; c) liberando cargas de sedimentos quando elas são destruídas. Dessa forma, o trans-porte de sedimentos nesses canais ocorre na for-ma de pulsos. O material orgânico também se espalha ao longo das calhas e por atrito, diminuin-do a velocidade dos fluxos de água. Assim, este trabalho procura mostrar a influência que o resíduo florestal, como folhas e galhos causa nos fluxos de água dos pequenos rios. INTRODUÇÃO A maioria dos problemas que ocorrem nas baixadas e nas áreas de influência dos grandes rios, como enchente, baixo nível de vazão, assore-amento e erosão, têm como causa o uso do solo nas cabeceiras de drenagem, onde se situam os canais de 1 a ordem. Esses canais produzem apro-ximadamente 50% do volume total de água que passa em um grande rio, de acordo com Faria (1996). Por isso, a chave para solucionar parte desses problemas está no melhor entendimento de como funcionam essas microbacias, mas as rela-ções existentes entre vegetação, atividades da fauna e processos hidrológicos e fluviais são muito amplas e ainda não se chegou a um nível de co-nhecimento adequado. Aqui é apresentado o resultado de algumas pesquisas sobre a influência que o material orgâni-co não decomposto e parcialmente decomposto, causa sobre os fluxos de água e sedimentos nos pequenos canais fluviais. Os trabalhos foram reali-zados no maciço da Tijuca (RJ). Nos trabalhos clássicos sobre processos fluviais têm-se encontrado comentários, ainda que tímidos, sobre a influência da vegetação nos pro-cessos fluviais. A partir do trabalho de Zimmerman et al. (1967), houve um alerta para a importância da vegetação na dinâmica dos pequenos rios. Os autores mostram que a largura desses canais, em certos pontos, pode estar diretamente ligada ao tipo de vegetação que influencia na forma dos ca-nais, por alterar a rugosidade do fundo e a resis-tência ao transporte dos sedimentos. Postulam ainda que, em áreas florestadas, os pequenos canais não possuem uma descarga suficientemen-te forte para transportar todo o material orgânico recebido; além disso, o empilhamento de folhas, galhos e troncos, cria barragens que formam pe-quenos lagos. Keller e Swanson (1979) observaram que os detritos orgânicos nas calhas, principalmente os troncos de árvores, podem desviar os fluxos de água, formando correntes secundárias que promo-vem o alargamento das margens. Fetherston et al. (1995) analisaram a distri-buição do material orgânico em canais de diversos tamanhos e mostram que o volume de troncos, galhos e folhas estacionado nas calhas cresce inversamente à diminuição do tamanho do canal, e isso está ligado diretamente com a competência dos fluxos em transportar os troncos, galhos e fo-lhas. Assim, um canal de primeira ordem, de acor-do com os autores, teria enorme quantidade de material orgânico depositado na calha, enquanto um rio de sexta ordem não permite a deposição devido ao enorme volume de água drenado por essas calhas. A vazão de um canal de primeira ordem é medida em poucos litros por segundo, enquanto a vazão de um canal de sexta ordem pode ser medida em centenas de m 3 por segundo (centenas de milhares de litros por segundo). Gurnell e Gregory (1984) e Gregory e Gur-nell (1987) relatam que talvez a forma mais signifi-cantiva de a vegetação influenciar a morfologia dos canais seja através do desenvolvimento de barra-gens formadas pela queda de folhas, galhos e troncos dentro das calhas. Mostram que nas mi-crobacias florestadas, são formadas inúmeras bar-ragens compostas pelo empilhamento de material orgânico, que se posicionam em intervalos de 1,5 a

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FARIA, A. (2000). INFLUÊNCIA DA VEGETAÇÃO NOS PROCESSOS FLUVIAIS DE BACIAS DE 1a ORDEM. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 5(3), 59–68. https://doi.org/10.21168/rbrh.v5n3.p59-68

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