Este texto tem por objetivo explorar o potencial político e analítico do significante “comum” na reflexão curricular contemporânea a partir da análise de uma política institucional de formação inicial e continuada de professores em desenvolvimento em uma universidade pública federal. Para tal opero com as teorizações pós-estruturalistas, em particular as que se inscrevem na abordagem pós-fundacional como defendida por Olivier Marchart para a compreensão e posicionamento nos debates em torno das politicas que mobilizam fluxos de sentido de currículos de licenciatura e dos currículos escolares. Trata-se, mais particularmente, de focalizar, nessas políticas, os processos de significação que mobilizam o significante “comum” traduzindo os diferentes interesses em jogo. Em diálogo com as contribuições teóricas de Pierre Dardot e Christian Laval e na contramão das interpretações recentes produzidas no campo do Currículo sobre os sentidos e mobilizações desse termo, proponho uma leitura outra, produtiva do significante “comum”. Na perspectiva aqui privilegiada a ideia de construção de um comum se apresenta como possibilidade de politizar o campo superando binarismos e reconhecendo a força e o papel crucial da contingencia nessas disputas. O artigo apresenta, primeiramente, alguns usos do comum que vêm sendo hegemonizados nos estudos curriculares, bem como interpretações outras possíveis e disponíveis. Em seguida, tendo como campo empírico uma politica curricular em curso, sublinha a potência heurística de um entendimento de comum que tem orientado a sua operacionalização e funcionado como verdadeira insurreição ou rede de resistência inventiva em tempos de desmonte do sistema publico educacional em nosso país.
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Gabriel, C. T. (2019). CURRÍCULO E CONSTRUÇÃO DE UM COMUM: ARTICULAÇÕES INSURGENTES EM UMA POLITICA INSTITUCIONAL DE FORMAÇÃO DOCENTE. Revista E-Curriculum, 17(4), 1545–1565. https://doi.org/10.23925/1809-3876.2019v17i4p1545-1565
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