No contexto em que a cultura é concebida como “recurso”, o âmbito cultural parece incorporar práticas e discursos do mundo corporativo, o qual, de sua parte, se alimenta da legitimidade que a esfera cultural confere a tais discursos e práticas. A retórica acerca da não separação entre trabalho e lazer que o regime de acumulação flexível herdou da contracultura é (re)transposto a atividades culturais atuais na medida em que essas ideias se referem à separação histórica entre arte e trabalho que fundou as categorias “arte” e “artista”. No seio de organizações como “coletivos culturais”, a fronteira entre vida pessoal e profissional é abolida e os “trabalhadores culturais” se encontram em condições precárias. No Brasil contemporâneo, essa luta visa, em grande medida, o acesso aos recursos estatais. Diante disso, tais organizações assumem características corporativas inclusive no que tange à disputa por “capital político”.
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Michetti, M. (2017). Coletivos e Redes Culturais no Brasil Contemporâneo: notas sobre as relações entre cultura, economia e política na conjuntura neoliberal. Arquivos Do CMD, 5(1), 63–79. https://doi.org/10.26512/cmd.v5i1.8967
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