Este artigo retoma uma parte dos materiais etnográficos relativos à feitiçaria aos quais dediquei um capítulo de minha tese de doutorado, consagrada à descrição de três casas de religião de matriz africana, todas situadas no sul do Rio Grande do Sul. Meu objetivo é demonstrar que os espíritos, não obstante invisíveis, dispõem de um significativo lado material, de tal maneira que o agenciamento ritual desses seres supõe um delicadíssimo trabalho artesanal, o qual inclui maneiras específicas de aproximar e separar determinados alimentos e ingredientes culinários, mas também o uso cuidadoso de certos objetos, lugares e palavras. Esse é o caso da criação ritual implicada na feitiçaria, objeto privilegiado por este artigo, mas cuja compreensão parece exigir a descrição de uma parte do que acontece durante o rito de iniciação. Eis, portanto, sua hipótese de fundo: a criação ritual é a expressão de uma relação de transformação entre diferentes ritos.
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Barbosa Neto, E. R. (2014). Da feitiçaria como estética ritual nas religiões de matriz africana. Cadernos de Campo (São Paulo - 1991), 23(23), 303–318. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v23i23p303-318
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