Partindo da constatação de que o recente interesse renovado dos cientistas sociais pelo fenômeno do terrorismo não se tem traduzido em um seu entendimento interdisciplinar maior, sugere-se que isso decorre do baixo nível de questionamento dos investigadores sobre o carácter político e ideológico dos seus estudos. Assumir que o terrorismo é uma construção social e política leva-nos a questionarmo-nos acerca das diferentes concepções de emancipação e regulação social que orientam a investigação desse fenômeno. Este artigo visa a explorar essa questão, problematizando a conceituação do terrorismo a partir da análise de quatro núcleos temáticos: as concepções políticas clássicas do terrorismo e o ponto de vista dos líderes revolucionários marxistas sobre esse fenômeno; as diversas concepções dos cientistas sociais e políticos sobre o novo terrorismo transnacional; a relação entre a democracia e o Direito na luta contra o terrorismo e a concepção do terrorismo como construção social. A análise conceitual realizada permitiu chegar a três questões que se sugere essenciais para uma Ciência Social crítica que vise a criar e a estimular alternativas de emancipação social. A primeira dessas questões diz respeito à impossibilidade de neutralidade científica e definição consensual do terrorismo; a segunda prende-se à análise do terrorismo a partir das vozes das suas vítimas; a terceira questão concerne à relação entre terrorismo, Direito e democracia.En constatant que le récent intérêt renouvelé des savants/scientifiques sociaux par le terrorisme nes'est pas traduit en un entendement interdisciplinaire majeur, nous suggérons que cela découle d'une faible mise en question de la part des chercheurs du caractère politique et idéologique de leurs études. Admettre que le terrorisme est une construction sociale et politique nous mène à nous interroger sur les différentes conceptions d'émancipation et régulation sociale qui orientent la recherche de ce phénomène. Cet article vise à exploiter cette question, questionnant la conceptualisation du terrorisme à partir de l'analyse de quatre axes thématiques : les conceptions politiques classiques du terrorisme et le point de vue des leaders révolutionnaires marxistes sur ce phénomène ; les diverses conceptions des scientifiques sociaux et politiques sur le nouveau terrorisme transnational ; le rapport entre la démocratie et le Droit dans la lutte contre le terrorisme et la conception du terrorisme comme construction sociale. L'analyse conceptuelle réalisée a soulevé trois questions que nous considérons comme essentielles pour la Science Sociale critique qui doit viser à créer et à stimuler les possibilités d'émancipation sociale. La premières de ces questions concerne l'impossibilité de neutralité scientifique et définition consensuelle du terrorisme ; la seconde est liée à l'analyse du terrorisme à partir desvoix de ses victimes ; la troisième question porte sur le rapport entre terrorisme, Droit et démocratie.From the initial assertion that recent and renewed social scientists' interest in the issue of terrorism has not been translated into greater interdisciplinary understanding, we suggest that the problem may be due to the insufficient questioning on the part of researchers as to the ideological and political character of their studies. Assuming that terrorism is a social and political construction leads us to question the different conceptions of emancipation and social regulation that guide research on this phenomenon. Our article seeks to explore this issue with a critical look at the way terrorism is conceptualized, through analysis of four core themes: classical political conceptions of terrorism and the viewpoint of revolutionary Marxist leaders; diverse conceptions held by political and social scientists on the new transnational terrorism; the relationship between democracy and Law in the struggle against terrorism and the conception of terrorism as socially constructed. The conceptual analysis that we have carried out has enabled us to arrive at three fundamental issues for a critical social science that seeks to create and stimulate alternatives for social emancipation. The first deals with the impossibility of scientific neutrality and a consensual definition of terrorism; the second suggests an analysis of terrorism that takes the voices of its victims as key and the third deals with the relationship between terrorism, Law and democracy.
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Seixas, E. C. (2008). “Terrorismos”: uma exploração conceitual. Revista de Sociologia e Política, 16(suppl), 9–26. https://doi.org/10.1590/s0104-44782008000300002
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