Editorial: nível de evidência

  • Camanho G
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Abstract

A editoração científica no Brasil tem evoluído muito e, a cada momento, novos critérios são conside-rados. Essa busca da melhora da qualidade editorial tem a ver com a Capes que, para pontuar a pro-dução científica, exigiu níveis cada vez mais altos de qualidade das revistas. Atualmente, esses critérios estão sendo discutidos na AMB, que está se reunindo e estudando com os editores de todas as revistas científicas do Brasil as exigências da Capes. Embora haja exageros por parte da Capes, no nosso ponto de vista, houve um estímulo à melhora da qualidade das revistas brasileiras. Um critério de qualidade muito utilizado nas revistas científicas modernas é o nível de evidência. As revistas de padrão internacional utilizam cinco níveis de evidência. O menor nível de evidência dos trabalhos científicos é o relato de casos e o maior é a metanálise ou trabalhos com randomização e seguimento perfeitos. Há uma tendência a considerar que esses níveis podem ser utilizados para classificar os trabalhos científicos em melhores ou piores. Acreditamos que esses parâmetros são mais uma ferramenta para a análise crítica dos trabalhos, sem representar um critério de qualidade. Para podermos compreender essa forma de qualificação de trabalhos, vamos simular a utilização dos níveis de evidência para um projeto de viagem. imaginemos que estamos com um período de férias disponível e gostaríamos de fazer uma viagem por um determinado tempo e que vamos pesquisar qual seria o melhor destino utilizando como método de seleção os níveis de evidência. A opinião de um amigo sobre um novo destino turístico, diferente dos diversos lugares comuns, seria, na nossa comparação com a análise de um trabalho científico, o relato de caso ou a descrição de uma nova técnica, que é o pior dos níveis de evidência. O relato de várias pessoas sobre um mesmo destino com um percentual de opiniões positivas e outro de negativas seria comparável ao nosso relato de uma série de casos que, pelo fato de não ter um critério comparativo, tem um valor um pouco maior que o relato de caso, mas ainda desprezível na análise de um trabalho científico ou, no nosso exemplo, de um destino de viagem. Para atingirmos um nível de aceitação razoável teríamos que considerar um grupo de pessoas que foram a dois destinos diferentes em épocas próximas e que relatassem de forma comparativa vários aspectos, como custo, restaurantes, passeios, etc. Um dos destinos a ser considerado na comparação deveria ser um local de turismo tradicional. na nossa comparação, esses seriam os trabalhos compa-rativos de qualidade média, pois os de alta qualidade exigiriam que as pessoas viajassem no mesmo período, para os dois lugares, o que é impossível. Esse mesmo critério de qualificação é exigido nos trabalhos comparativos, pois precisamos operar os pacientes com duas técnicas diferentes na mesma época, embora consideremos que a técnica proposta é superior quando comparada com a outra que obviamente foi feita no passado. É interessante que uma das técnicas seja um padrão-ouro no trata-mento da patologia estudada. não podemos comparar dados obtidos no passado com os atuais, nesse tipo de nível de evidência.

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Camanho, G. L. (2009). Editorial: nível de evidência. Revista Brasileira de Ortopedia, 44(6), 01–02. https://doi.org/10.1590/s0102-36162009000600001

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