Este ensaio apresenta um breve resgate da trajetória dos estudos sobre mulheres chefes de família e realiza uma reflexão crítica sobre a relação direta que vem sendo estabelecida entre o crescimento do fenômeno da chefia familiar feminina e o controvertido debate em torno da chamada feminização da pobreza. Busca apontar para a necessidade do questionamento de uma homogeneidade artificial construída em torno das mulheres em situação de chefia de seus núcleos doméstico-familiares, apresentada pela maioria dos estudos, e que insiste em reforçar um perfil uniforme dessas mulheres - vistas, predominantemente, como as mais pobres entre os pobres -, e sinaliza, por fim, para as possibilidades abertas pelos estudos de gênero, particularmente daqueles que se filiam a uma epistemologia feminista e relacional, para um novo olhar sobre esse objeto polissêmico e multifacetado.Cet essai présente un bref rappel de la trajectoire des études concernant les femmes chefs de famille et fait une réflexion critique sur la relation directe qui existe entre le phénomène croissant des femmes chefs de famille et la controverse sur le débat de la dite féminisation de la pauvreté. On essaie de montrer le besoin de remettre en question l'homogénéité artificielle construite à propos des femmes qui assument le rôle de chef autant au niveau de la maison que de la famille, présentée dans la majorité des recherches et qui insiste sur le fait de vouloir renforcer un profil uniforme de ces femmes. Celles-ci sont vues surtout comme étant les plus pauvres parmi les pauvres. On voit enfin les possibilités offertes par les études de genre, en particulier par celles qui adhérent à une épistémologie féministe et relationnelle, de porter un nouveau regard sur cet objet polysémique et aux multiples facettes.This essay presents a brief review of the trajectory of the studies on women heads of the family and it accomplishes a critical reflection about the direct relationship established between the growth of the phenomenon of the feminine leadership of the family and the polemic debate about the so-called feminization of poverty. It intends to point to the need of questioning an artificial homogeneity built around women heading their domestic-family nuclei, presented by most of the studies, and that insists on reinforcing an uniform profile of those women seen, predominantly, as the poorest among the poor and it signals, finally, to the open possibilities of gender studies, particularly of those that join a feminist and relational epistemology, for a new look on that polissemic and multifaceted object.
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Macedo, M. dos S. (2008). Mulheres chefes de família e a perspectiva de gênero: trajetória de um tema e a crítica sobre a feminização da pobreza. Caderno CRH, 21(53), 385–399. https://doi.org/10.1590/s0103-49792008000200013
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