Os discursos estão intrinsecamente ligados às relações socioculturais e ideológicas, não existem fora delas e, portanto, não podem ser analisados fora delas. Somos atravessados por formações discursivas que nos constituem como sujeitos. As formações discursivas são conjuntos de discursos atravessados por regimes de verdade que legitimam sistemas institucionais e corporais de dominação e exclusão. A sexualidade é um campo interditado e normalizado por diferentes discursos. Cabe, então, a seguinte indagação: Como operam as formações discursivas, atravessadas pelo discurso religioso-fundamentalista cristão, que interditam e normalizam a sexualidade? Para refletir sobre essa indagação, proponho analisar e desconstruir uma dada formação discursiva atravessada pelos discursos religioso-fundamentalista cristão e político-jurídico: refiro-me à “cruzada” empreendida nas vésperas da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), em 2014, por deputados conservadores, mobilizados por fundamentalistas cristãos dentro e fora do campo da representação política, contra o que foi definido como “ideologia de gênero”. Esse (pre)conceito gerou ecos que infelizmente permanecem latentes, razão pela qual me proponho a fazer tal análise.
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Nascimento, L. (2017). Qual ideologia de gênero? Albuquerque: Revista de História, 7(13), 85–100. https://doi.org/10.46401/ajh.2015.v7.2963
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