"Este sexto e último volume de 'O Método' constitui o ponto de chegada da grande obra de Egar Morin, traduzida e estudada em numerosos países. Esta obra fez da complexidade um problema fundamental a elucidar e a tratar; seguidamente, fez escola e suscitou um movimento para «a reforma do pensamento». Neste sexto tomo, o mais concreto e, talvez, o mais acessível, o autor parte da nossa crise contemporânea, sobretudo no Ocidente, da ética, aonde regressa no final, após uma análise simultaneamente antropológica, histórica e filosófica. Se o dever não pode deduzir-se de um saber, o dever precisa de um saber. A consciência moral não pode deduzir-se da consciência intelectual, ou seja, do pensamento e da reflexão. Com efeito, a boa intenção corre o risco de determinar más acções e a vontade moral de ter consequências imorais. Donde a pertinência do preceito moral de Pascal: «trabalhar para bem pensar». Cumprir com os nossos deveres nem sempre é assim tão simples, nem tão evidente, mas incerto e aleatório: daí a complexidade da ética. Para além do moralismo, como para além do niilismo, o autor, mais do que ceder à pretensao clássica de fundamentar a moral, procura encontrar e regenerar as suas fontes na vida, na sociedade, no individuo, uma vez que o ser humano é aos mesmo tempo indíviduo/sociedade/espécie. Aborda os problemas permanentes e sempre agravados da relação entre ética e política, ciência e ética.
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Lorenzo, C. (2008). O Método 6: ética. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 545–547. https://doi.org/10.1590/s1413-81232008000200031
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