Miriam S. R. Schwarzbach, Iara Conceição Morante DMAE-Porto Alegre Recebido: 14/01/03-revisado: 28/03/03-aceito: 05/08/03 RESUMO As águas subterrâneas do Município de Porto Alegre foram estudadas sob o ponto de vista hidrogeoquímico com o objetivo de reconhecer as características físico-químicas naturais e contaminações e apontar processos genéticos para os principais íons. O trabalho estabelece relações entre a composição química das águas e arcabouço geológico da área, na qual é registrado um sistema aqüífero de natureza fissural, constituído por rochas granítico-gnáissicas, e um de natureza granular, caracterizado por depósitos argilo-arenosos a arenosos de origem flúvio-lacustre, lagunar e aluvionar. O primeiro é denominado Sistema Aqüífero Fraturado Pré-cambriano e o último, Sistema Aqüífero Poroso Cenozóico. Para tanto, foram selecionados 90 poços, com base em critérios geológicos, urbanização e distribuição espacial, para coleta de águas subterrâneas. O resultado hidroquímico mais significativo aponta elevados teores de fluoreto nas águas do Sistema Aqüífero Fraturado, que alcançam valores da ordem de 6 mg/L. A contaminação por aportes antropogênicos nas águas é pontual e está relacionada, em geral, às condições higiênico-sanitárias locais deficientes e problemas construtivos dos poços, o que provoca a ocorrência de nitrato em altos teores, bem como de coliformes fecais. As águas do Sistema Aqüífero Fraturado são classificadas como bicarbonatadas cálcico-sódicas a sódicas, passando a tipos intermediários de composição clore-tada-bicarbonatada-cálcico-sódica em conseqüência da mistura com as águas do Sistema Poroso Cenozóico, o que promove o incremento no conteú-do de cloreto, sulfato, sódio, cálcio, magnésio e sólidos totais dissolvidos. O modelamento geoquímico aponta, na maioria das amostras, águas subsaturadas em fluorita e carbonatos e supersaturadas em apatita, quartzo, feldspatos, argilo-minerais, gibsita, zeolitas e goetita. Foram observa-das correlações positivas entre flúor-cálcio-bicarbonato-pH, as quais decorrem, provavelmente, da dissolução de fluorita e calcita, presentes em fraturas. O bicarbonato apresenta um crescimento muito acentuado em relação ao cálcio, o que denota a atuação de processos de dissolução de CO 2 nas águas subterrâneas. O quimismo das águas subterrâneas do Sistema Aqüífero Fraturado é independente da composição química e mineralógica dos granitos e gnaisses que o compõem. Esta feição reflete uma interação água-rocha muito restrita neste ambiente, o que determina uma fraca contribuição da rocha no conteúdo da maioria dos elementos dissolvidos na água. É importante destacar que as informações geradas neste trabalho representam elementos importantes para a definição de políticas de planejamento e gerenciamento das águas subterrâneas do Município de Porto Alegre. Palavras-chave: Água subterrânea, Aqüífero fraturado, Hidro, Geoquímica.
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ROISENBERG, C., VIERO, A., ROISENBERG, A., SCHWARZBACH, M., & MORANTE, I. (2003). Caracterização Geoquímica e Gênese dos Principais Íons das Águas Subterrâneas de Porto Alegre, RS. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 8(4), 137–147. https://doi.org/10.21168/rbrh.v8n4.p137-147
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