O objetivo deste artigo é discutir a teoria de Franz Boas (1848-1952) sobre a arte primitiva e, assim, estabelecer um novo princípio de inteligibilidade para a análise de sua obra, tendo como pano de fundo a problematização da relação entre a(s) perspectiva(s) antropológica(s) e o domínio específico da arte e da cultura material. Com tal escopo, dois aspectos são destacados: por um lado, a ênfase boasiana no elemento formal no que se refere à delimitação do fenômeno artístico, redimesionando o simbolismo primitivo; por outro, a ênfase na padronização estilística, como correlata dos mecanismos de processamento das sínteses histórico-culturais, o que redimensiona a questão da imaginação. A discussão deste tema revela alguns dos fundamentos epistemológicos e ontológicos implicados na proposta metodológica do autor, reavalia seu posicionamento crítico em relação às teorias antropológicas anteriores, especialmente o evolucionismo social, e demonstra a originalidade da articulação entre história e ciência, por um lado, e entre as perspectivas atomista e holista da cultura, por outro.Through a discussion of Franz Boas's theory of primitive art, this article aims to establish a new approach to understanding and analyzing his work, taking as its backdrop the problematic relation between anthropological perspective(s) and the specific domain of art and material culture. With this objective in mind, two aspects are emphasized: first, Boas's accentuation of the formal element within which artistic phenomena are delimited, an emphasis which reshapes primitive symbolism; secondly, his emphasis on stylistic patterning as a correlate of processual mechanisms of historico-cultural syntheses, an approach which reformulates the question of imagination. Discussion of this theme reveals some of the epistemological and ontological foundations implicated in Boas's proposed methodology. It also re-evaluates his critical position in relation to previous anthropological theories - in particular, social evolutionism - and demonstrates the originality of his bringing together of both history and science, as well as atomistic and holistic perspectives of culture.
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Almeida, K. M. P. de. (1998). Por uma semântica profunda: arte, cultura e história no pensamento de Franz Boas. Mana, 4(2), 7–34. https://doi.org/10.1590/s0104-93131998000200001
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