O presente estudo buscou acompanhar o percurso singular rumo à paternidade no contexto da reprodução assistida, da gestação até o primeiro ano de vida do bebê. Trata-se de um estudo de caso único, longitudinal, envolvendo um homem que se submeteu, junto com sua esposa, à fertilização in vitro, cuja infertilidade era mista. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas em três momentos: terceiro trimestre de gestação; terceiro mês de vida do bebê; final do primeiro ano de vida do bebê. Foi construído um relato clínico, a partir do qual acompanhamos o percurso de Luis. Pode-se perceber que a infertilidade, o tratamento e, posteriormente, a paternidade, foram vivenciadas de modo bastante singular. O percurso de elaboração e integração dessas vivências levou tempo. A convivência com o bebê foi essencial para que o pai se percebesse, aos poucos, como pai e pudesse tomar posse de seu desejo de paternidade. Assim, espera-se que este estudo tenha contribuído como um espaço de escuta que ajuda a descortinar o "continente negro" da paternidade nesse contexto, ainda pouco acessível, tanto para os homens que vivem essa experiência, quanto para os profissionais.
CITATION STYLE
Sonego, J. C., & Lopes, R. D. C. S. (2018). O “continente negro” da paternidade no contexto da reprodução assistida. Estudos e Pesquisas Em Psicologia, 16(3), 892–910. https://doi.org/10.12957/epp.2016.32892
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.