"Como na física, também no caso do sistema mundial existem forças que atuam em direção contrária do poder global e do império mundial, forças que impediram, até hoje, que este processo de centralização do poder chegasse até o ponto da entropia ou dissolução do sistema". J. L. Fiori, "Formação, Expansão e Limites do Poder Global", p. 58. Partindo da premissa de que o lugar dos países no sistema capitalista não tem relação exclusiva com suas economias nacionais e a constituição de seus Estados pensados isoladamente, mas insere-se em uma macrodinâmica global que influi de maneira determinante no curso e no desenvolvimento específico das nações e de suas conformações econômicas, o presente artigo busca caracterizar o lugar que a China ocupa na economia-mundo wallersteiniana. Tal unidade interpretativa, desenvolvida teoricamente por Immanuel Wallerstein, objetiva analisar os desenvolvimentos fundamentais do capitalismo por meio da construção de uma teoria, de base marxista, sobre o sistema. Para atingir o objetivo proposto, o trabalho inicia-se com uma breve reconstrução das premissas que definem a economia-mundo wallerstiniana e é seguido por uma tentativa de localizar a China em t al esquema analítico, em especial por meio da problematização da sua relação com a potência central (os Estados Unidos) e com os países semi-periféricos da vizinhança (com ênfase para a ASEAN). Ao questionar os modelos teóricos segundo os quais vivemos em um sistema mundial composto por estados e economias nacionais que têm expandido brutalmente o comércio entre si (em especial a partir do século XX), Wallerstein propõe, em contraposição, a análise de um sistema-mundo que presume a existência de uma única economia, com ampla divisão do trabalho e processos de produção integrados, em grande parte, pelo mercado, e convivendo com numerosos poderes políticos interestatais e com uma grande multiplicidade de culturas. Há duas variedades de sistemas-mundo wallersteinianos: o império-mundo, como as grandes civilizações pré-modernas de China, Roma ou Egito, no qual a liderança política é única e uniforme, e a economia-mundo, como a hegemonia inglesa do século XIX e a norte-americana do século XX, na qual uma multiplicidade de Estados interage em uma esfera econômica global. Sob essa
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Nogueira, I. (2008). O lugar da China na economia-mundo capitalista Wallersteiniana. Textos de Economia, 11(1). https://doi.org/10.5007/2175-8085.2008v11n1p39
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