KUHN NOTABLIZOU-SE por seu esforço no sentido de naturalizar a episte- mologia. Tal esforço exprime-se na tese amplamente conhecida e aceita de que o progresso científico deve ser explicado examinando-se a natureza do grupo científico e descobrindo-se o que esse grupo valoriza, tolera e desdenha. Apesar da popularidade dessa tese, considero-a equivocada. O próprio Kuhn a contrariou em momentos cruciais de seu A estrutura das revoluções científicas. Neste artigo desenvolve-se o argumento de o legado importante de Kuhn não ser a socio- logia do conhecimento que se desenvolveu sob inspiração de sua proposta de natu- ralizar a epistemologia (ou de converter o conhecimento em um fenômeno socio- lógico), mas a sua involuntária e negligenciada contribuição para o aprimoramento da epistemologia evolucionária popperiana.
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Freitas, R. S. de. (1998). Des-naturalizando Kuhn. Estudos Avançados, 12(33), 185–196. https://doi.org/10.1590/s0103-40141998000200014
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