Neste ensaio, pretendo seguir uma linha de investigação sobre o secularismo e o se- cular aberta – de modos diferentes – pelos trabalhos pioneiros de William Connolly e Talal Asad: a saber, em que medida o desenvolvimento do secularismo tem implicado historicamente – dentre suas várias dimensões – uma configuração ímpar do sensório humano. Para ambos os autores, o secularismo não deve ser abordado simplesmente por meio da doutrina da separação entre Igreja e Estado, tampouco através da sociolo- gia da diferenciação social e do declínio da religião, mas, alternativamente, em termos do cultivo de distintas sensibilidades, afetos, e disposições encorporadas que embasam formas seculares de julgamento e prática. Em minha discussão, levanto duas questões. Quais respostas encontramos na obra desses dois autores para a questão: O que é um corpo secular? E o que tais respostas – ou recusas em responder – poderiam nos dizer sobre os contornos práticos e conceituais do secular e do secularismo?
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Hirschkind, C., Brum, A., & Antunes, H. F. (2017). Existe um corpo secular? Religião & Sociedade, 37(1), 175–189. https://doi.org/10.1590/0100-85872017v37n1cap10
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