Neste artigo procuro argumentar, a partir das narrativas de alguns interlocutores de pesquisa, bem como de observações participantes realizadas em mercados de rua entre os anos de 2004 e 2008, que o trabalho do feirante está fundamentalmente amparado em suas habilidades de construir laços sociais e promover sociabilidades. As reflexões que esses trabalhadores elaboram sobre seu trabalho no dia a dia do mercado evocam os saberes e fazeres que sistematizam nessa trajetória: as formas de tratar os fregueses, o conhecimentos sobre os alimentos, suas origens, circulação e distribuição, as redes de fornecedores que tecem, etc. A ênfase depositada na construção do laço social com seus fregueses (e também fornecedores e colegas) relacionada com a repetição cíclica dos gestos e práticas no mercado, nos revelam que fazer a feira é também fazer o feirante, no sentido de um métier construído cotidianamente a partir de uma experiência compartilhada.This article presents narratives of merchants and participant observation in street markets made between 2004 and 2008. His central argument is that the work of merchants is fundamentally sustained in their ability to establish social ties and to promote sociability. The reflections that these workers draw about their work indicate the knowledges and practices that they systematize in this trajectory: ways to serve customers, knowledge about food, its origins, circulation and distribution, the networks of suppliers that they lay down, etc. The emphasis placed on social ties with their customers, suppliers and colleagues reveals that this metier is configured from a shared experience in everyday practices of the market.
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Vedana, V. (2013). Fazer a feira e ser feirante: a construção cotidiana do trabalho em mercados de rua no contexto urbano. Horizontes Antropológicos, 19(39), 41–68. https://doi.org/10.1590/s0104-71832013000100003
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