Nos últimos quarenta anos temos assistido no Brasil a intensificação dos processos de etnogênese de grupos indígenas. Populações que por um longo tempo ocultaram as suas identidades têm voltado a afirmar a sua indianidade e passado a lutar pelo reconhecimento de sua condição étnica pelas autoridades de Estado, buscando assegurar o acesso aos direitos específicos previstos pela legislação. A luta desses grupos também visa alcançar condições para que possam reconstruir as suas comunidades, passando a viver com mais dignidade, resgatando a sua autoestima, em busca da cidadania plena. A agência indigenista estatal, no entanto, chegou a negar a “autenticidade” de várias dessas etnias. Por essa razão, a (re)construção dessas identidades perpassa, na maioria das vezes, a elaboração de uma autoimagem sincronizada com as representações estereotipadas que a sociedade brasileira têm do “índio genérico”. Esta autoimagem é elaborada na expectativa de adequar-se à representação senso comum que tais comunidades supõem ser um requisito cobrado, sobretudo pelo órgão oficial, para reconhecer a sua condição indígena. A título de exemplo, analisamos mais detidamente o caso emblemático dos índios Krahô-Kanela, do estado do Tocantins.
CITATION STYLE
Mauro, V. F. (2013). ETNOGÊNESE E REELABORAÇÃO DA CULTURA ENTRE OS KRAHÔ-KANELA E OUTROS POVOS INDÍGENAS. Espaço Ameríndio, 7(1), 37. https://doi.org/10.22456/1982-6524.33293
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.