No texto ‘A juventude de Gide’, Lacan (1998a) compara Madeleine Gide, em seu ato de queimar as cartas de seu marido, André Gide, a Medeia. Este ato será definido como o ato de uma verdadeira mulher. Interessa-nos ler este breve comentário, buscando extrair dele o ponto a partir do qual Lacan define a mulher. Nossa hipótese é que seu ponto de partida não é o gênero mas antes o ato desmedido presente em uma e outra. Para a psicanálise, a sexualidade é sempre da ordem de um enigma para o neurótico. Freud refere-se à mulher como um continente negro e confessa que sua lente edípica e fálica não é suficiente para responder aos mistérios do feminino. Esta chave de leitura o conduz à conclusão de que a maternidade é a realização da feminilidade, por excelência. Para Lacan, a verdadeira mulher se situa na dissociação entre a mãe e a mulher. A partir da leitura de Miller, acerca de Madeleine e Medeia, propomos interrogar qual a relação entre o ato desmedido de uma e de outra mulher. Para tanto, abordaremos uma a uma.
CITATION STYLE
Marcos, C. M., & Silva, T. L. (2019). MADELEINE E MEDEIA: MULHERES ALÉM DA MATERNIDADE. Psicologia Em Estudo, 24. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v24i0.42589
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.