O campo da psicologia clínica vem, historicamente, enfrentando dilemas epistemológicos no seu âmago, tais como, a multiplicidade de tendências que a fundamentam, que acarretam na indefinição de seu objeto, além da já questionada herança da perspectiva liberal e do modelo médico, entre outros aspectos, que acabam por questionar sua dimensão prática. Sartre foi um autor que discutiu aspectos fundantes da disciplina psicológica, bem como de seu domínio clínico, propondo concepções inovadoras. Suas obras têm muito a oferecer para o enfrentamento e superação de tais dilemas. O projeto fundamental do trabalho intelectual de Sartre foi reformular tal disciplina, realizando esse propósito no conjunto de suas obras psicológicas, filosóficas, literárias e em seus empreendimentos biográficos. Criador de uma metodologia específica de investigação da realidade humana, explicitada em sua “psicanálise existencial”, Sartre fornece as bases para uma psicologia clínica existencialista. Utilizando o recurso de elaborar biografias de escritores conhecidos, Sartre demonstrou ser possível atingir o conhecimento objetivo do ser do sujeito estudado, primeiro passo necessário para uma intervenção científica. A tarefa da psicoterapia sartriana é, pois, colocar o projeto de ser da pessoa em suas próprias mãos, na medida em que isso o viabilizará como sujeito de sua vida e de sua história. Palavras-chave: psicologia clínica; Jean-Paul Sartre; psicologia existencialista.
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Schneider, D. R. (2006). Novas perspectivas para a psicologia clínica a partir das contribuições de J. P. Sartre. Interação Em Psicologia, 10(1). https://doi.org/10.5380/psi.v10i1.5764
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