dossier: ortopedia infantil 458 INTRODUÇÃO D esde o nascimento e ao longo da infância, o de-senvolvimento do pé tem constituído uma fon-te de preocupação para os pais, pediatras e generalistas e uma causa comum de consulta em Orto-pedia. Embriologicamente, o pé desenvolve-se entre as 4 e as 8 semanas de gestação e o seu crescimento termina antes do resto do corpo. Aos 18 meses de vida já atin-giu cerca de metade do comprimento total, e até ao iní-cio da adolescência atinge o seu desenvolvimento com-pleto. Este facto obriga a substituições frequentes de calçado, para acompanhar o crescimento rápido du-rante a infância. 1 A ARCADA PLANTAR O arco longitudinal do pé, a que habitualmente se cha-ma arcada plantar, desenvolve-se com o crescimento, tornando-se mais evidente a partir dos dois anos, altu-ra em que começa a desaparecer a gordura do pé do re-cém-nascido. O pé plano infantil resulta da combina-ção de gordura subcutânea e da laxidão articular, predominantes na infância. Quando a criança apoia o pé, a arcada abate sob o peso e a gordura subcutânea, mais abundante na região plantar, apaga a visualização da arcada. VARIABILIDADE NORMAL Radiologicamente, existe uma grande variabilidade da anatomia normal do pé. Há vários centros de ossifica-ção acessórios (ossos: navicular, trigono, vesalianum, maleolar interno e maleolar externo), que são frequen-temente confundidos com fracturas e que também po-dem originar queixas dolorosas. O estudo radiográfico do pé deverá ser efectuado em carga e, por vezes, tam-bém em incidência oblíqua. A comparação com o lado oposto é obrigatória e essencial, pois permite diferen-ciar as alterações do desenvolvimento, habitualmente bilaterais, das situações patológicas. DEFORMIDADES MAIS FREQUENTES Nas deformidades dos pés há que distinguir as defor-midades congénitas das deformidades do desenvolvi-mento. Perante um recém-nascido com uma deformi-dade, é necessário perceber se se trata de uma defor-midade postural, habitualmente flexível, ou de uma de-formidade patológica, habitualmente rígida, pois o prognóstico é totalmente diferente. A deformidade pos-tural tem tendência a regredir espontaneamente, sem tratamento ou com tratamento mínimo, enquanto uma deformidade rígida é uma doença que obriga a trata-mentos continuados e, eventualmente, a cirurgia. Deformidades congénitas Metatarsus aductus ou varus. É a deformidade mais frequente do pé, com uma incidência de 1/1.000 nas
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Sant´Anna, F., & Neves, M. C. (2009). Deformidades do pé - Conceitos básicos e orientações para o médico de família. Revista Portuguesa de Clínica Geral, 25(4), 458–463. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v25i4.10651
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