Aproveitamento integral de matérias-primas oleaginosas com “solventes verdes”: revisão e oportunidades

Abstract

As oleaginosas estão entre as plantas de maior produção mundial e são utilizadas para obtenção de óleos e gorduras para consumo humano. Nesse processo, geram-se coprodutos, ricos em compostos fenólicos com comprovados benefícios à saúde, mas geralmente destinados para a alimentação animal. A extração destes polifenóis é comumente realizada por solventes orgânicos, tóxicos, inflamáveis e não biodegradáveis. Por este motivo, há um apelo maior para o uso de solventes e tratamentos que visem a uma química “verde”, evitando poluição ambiental e diminuindo os riscos de acidentes na manipulação de solventes tóxicos. Com estas características, vem sendo introduzidos os solventes eutéticos profundos (DES), formados principalmente de metabólitos primários, como ácidos orgânicos, açúcares, álcoois e aminoácidos associados a sais quaternários de amônio naturais. Os DES já foram utilizados para extrair compostos bioativos de plantas e bebidas, sendo mais frequentemente empregados para a extração de compostos fenólicos e obtendo, muitas vezes, resultados melhores que os solventes comuns. Os extratos com DES também estão associados a uma maior estabilidade, devido às ligações de hidrogênio entre seus componentes, responsáveis ainda pela maior solubilidade e extração de compostos fenólicos. O objetivo desta revisão foi reunir estudos que utilizaram DES e suas variantes na extração de compostos fenólicos de matérias-primas oleaginosas, além de fazer um levantamento dos estudos sobre a estabilidade de polifenóis nesses solventes sob condições de armazenamento diversas. Os resultados disponíveis na literatura indicaram o uso dos DES como promissor, tanto na eficiência de extração, quanto na estabilidade dos compostos extraídos.