Alternativa agronômica para o biossólido produzido no Distrito Federal: I - efeito na produção de milho e na adição de metais pesados em Latossolo no cerrado

  • Silva J
  • Resck D
  • Sharma R
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Abstract

O crescimento urbano em Brasília aumentou o volume de esgoto doméstico coletado, gerando maior volume de biossólido - resíduo final do tratamento do esgoto - depositado nos pátios da Companhia de Água e Esgoto de Brasília (CAESB). Embora ainda haja carência de informações técnicas que possam garantir segurança ambiental, viabilidade econômica e satisfação social de seu uso, a maior parte do biossólido tem sido utilizada como condicionador de solos e fertilizante pelos agricultores nas áreas agrícolas vizinhas. Neste trabalho, o biossólido, que continha 90 dag kg-1 de água (10 dag kg-1 de matéria seca), foi aplicado a um Latossolo Vermelho distrófico, em doses únicas de 54, 108 e 216 t ha-1. Na menor dose e sem qualquer adição de outros fertilizantes, o material forneceu nutrientes para o milho por três anos, resultando em uma produtividade média de grãos de 4.700 kg ha-1. O modelo de ajuste aos dados, definido pela equação quadrática Y = 2349,3** + 41,579** X - 0,1097** X ², R² = 0,9824**, em que Y representa a produtividade de milho (kg ha-1) e X, a dose de biossólido úmido aplicado (t ha-1), estima que a aplicação de 189,51 t ha-1 produziria o rendimento máximo de milho. Usando-se o fósforo (P2O5) como referência, o biossólido foi mais eficiente do que a adubação mineral com superfosfato triplo, apresentando um valor fertilizante médio de 125 % nos três anos de cultivo. Na dose de 54 t ha-1, o biossólido da CAESB incorpora ao solo 240 kg de P2O5, 320 kg de N, 160 kg de Ca, 13 kg de K2O. As concentrações dos metais pesados (Cd, Pb e Hg) presentes no biossólido são muito inferiores aos limites críticos para aplicação do material, e a aplicação de 54 t ha-1 de biossólido úmido incorpora ao solo pequenas quantidades daqueles metais, indicando que a contaminação do solo por aqueles poluentes não constituirá problema, desde que o esgoto urbano não receba contaminação por resíduos industriais.Brasilia's urban growth has caused the increase of domestic sewage sludge, production generating a large volume of biosolid - a final product of sludge treatment - deposited at the Companhia de Saneamento de Brasilia (CAESB) sewage treatment plants. Although there is still a lack of technical data on health, environmental safety and economic viability, it has been used as a soil amendment and fertilizer by farmers in the neighbouring areas. The biosolid produced at one of the sewage treatment plants of CAESB, with a water content of 90 dag kg-1 (10 dag kg-1 dry matter), was tested as a fertilizer for corn production in an Oxisol at rates of 54, 108 and 216 t ha-1. Results showed that, after three years, a sole application of 54 t ha-1 of biosolid maintained an average corn yield of 4,700 kg ha-1. The regression model, adjusted by a quadratic polynomial equation, Y = 2349.3** + 41.579**x - 0.1097**x², R² = 0.9824**, where Y is the corn grain productivity (kg ha-1) and x, the rate of applied biosolid (t ha-1), showed that maximum yield would be obtained at the rate of 189.51 t ha-1. Using the phosphorus (P2O5) content as a reference to plant requirement, the biosolid was more efficient than chemical fertilization with triple superphosphate, giving an average fertilizer value of 125 % during the three year-period of cultivation. At the rate of 54 t ha-1, the biosolid added to the soil 240 kg of P2O5, 320 kg of N, 160 kg of Ca and 13 kg of K2O. Heavy metal (Cd, Pb e Hg) concentration in this biosolid is much lower than the critical concentration limit established for its use, and the application of 54 t ha-1 of wet biosolid adds very small amounts of those metals, which suggests that soil contamination by those pollutants will not be a problem unless industrial residues contaminate the urban sludge.

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Silva, J. E., Resck, D. V. S., & Sharma, R. D. (2002). Alternativa agronômica para o biossólido produzido no Distrito Federal: I - efeito na produção de milho e na adição de metais pesados em Latossolo no cerrado. Revista Brasileira de Ciência Do Solo, 26(2), 487–495. https://doi.org/10.1590/s0100-06832002000200023

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