Para antropólogos sociais, sociólogos e historiadores contemporâneos, a sífilis e as outras doenças venéreas se revestem de um caráter quase totêmico: são sobretudo boas para pensar como, em nossas sociedades, relacionam-se ciência, sexo e política. Focalizando o panorama brasileiro de finais do século XIX até o início dos anos 1940, percorre a trama cerrada que fez da sífilis uma das mais temíveis doenças humanas. Mostra que, por quase cem anos, a luta movida contra ela articulou processos sociais complexos, envolvendo simultaneamente a cura dos doentes, a construção da nação, a salvação da raça, a disseminação social de controles estatais, a ascensão de certos grupos profissionais e, principalmente, a reforma de valores tradicionais relativos à moral sexual.
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Camargo Jr., K. R. de. (1996). Tributo a Vênus: a luta contra a sífilis no Brasil, da passagem do século aos anos 40. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 3(3), 551–552. https://doi.org/10.1590/s0104-59701996000300011
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