O artigo discute os resultados de 12 novas análises U-Pb SHRIMP em zircão de afloramentos-chave de diversas unidades estratigráficas da borda leste do Cráton São Francisco, em especial do embasamento arqueano do Cinturão/Orógeno Bahia Oriental. As amostras foram coletadas ao longo de diversas transectas E-W para estabelecer limites mais precisos do embasamento arqueano e delimitar a extensão do retrabalhamento paleoproterozóico e acresção crustal durante a colagem rhyaciana que originou o Cinturão Bahia Oriental. Devido à evolução policíclica e/ou condições metamórficas de alto grau, os sistemas U-Th-Pb são muito complexos na maioria das populações de zircão analisadas. Os padrões morfológicos dos cristais e outras evidências sugerem combinações de herança, recristalização parcial e crescimento magmático e metamórfico de novos cristais e domínios de grãos. Por isso, somente com detalhados estudos de catadoluminescência as idades dos zircões herdados, sobrecrescimentos magmáticos e grãos parcial ou totalmente recristalizados puderam ser diferenciadas. Isto tornou possível a segura discriminação entre idades de cristalização magmática e de metamorfismo. Exceto uma unidade (amostra LH 44), com idade de cristalização de ca. 3000 Ma, interpretada como extensão oriental do Cráton de Serrinha, as demais distribuem-se nos intervalos de ca. 2870-2500 Ma e ca. 2200?-2090 Ma. Ortognaisses com idade de cristalização de ca. 2870-2500 Ma, em sua maior extensão, vem sendo tradicionalmente cartografados como suposto arco magmático juvenil paleoproterozóico (cinturões/domínios Itabuna e Salvador-Curaçá). Entretanto os novos dados aqui apresentados indicam que estes representam uma colagem multiepisódica de arcos orogênicos primitivos que constituem o embasamento neoarqueano daquela parte do Cráton São Francisco. Todas as populações de zircão mostram extensiva recristalização metamórfica de alto grau e idade entre ca. 2080 Ma e ca. 2050 Ma, oriunda de retrabalhamento durante a fase colisional do Cinturão Bahia Oriental. A assinatura isotópica e a paragênese metamórfica sugerem recristalização sob condições de elevada T e P. Esse regime metamórfico extremo também foi registrado no bloco mais ocidental (Jequié), até então considerado estável desde o Arqueano. Assim, o Cinturão Bahia Oriental pode ser caracterizado como as raízes de extenso orógeno colisional com discreta acresção de granitóides pré- a sincolisionais entre ca. 2200?-2090 Ma, especialmente na costa atlântica (Orógeno Bahia Oriental), anteriormente atribuídos aos cinturões Itabuna, Salvador-Curaçá e Salvador-Esplanada.
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SILVA, L. C. D., ARMSTRONG, R., DELGADO, I. M., PIMENTEL, M., ARCANJO, J. B., MELO, R. C. D., … PEREIRA, L. H. M. (2002). REAVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO GEOLÓGICA EM TERRENOS PRÉ-CAMBRIANOS BRASILEIROS COM BASE EM NOVOS DADOS U-PB SHRIMP, PARTE I: LIMITE CENTRO-ORIENTAL DO CRÁTON SÃO FRANCISCO NA BAHIA. Revista Brasileira de Geociências, 32(4), 501–512. https://doi.org/10.25249/0375-7536.2002324501512
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