Os aplicativos de mapeamento de assédio sexual de rua, que permitem a sinalização, em um mapa colaborativo, de locais de ocorrência de assédio, podem ser entendidos, à primeira vista, como iniciativas de cidade inteligente. Por meio dessas iniciativas, a população e outras instâncias sociais ajudariam o poder público a resolver os problemas citadinos. Tais aplicativos, então, colaborariam para o combate ao assédio sexual de rua e, consequentemente, melhorariam as condições de mobilidade urbana feminina. Analisando os sentidos produzidos pelos textos dos aplicativos, é possível considerá-los como iniciativas de cidade inteligente? Mais especificamente, seu fazer discursivo proporciona a dimensão política adequada para transformar a narrativa do assédio, promovendo uma vida urbana com mais cidadania para as mulheres? Para responder essas questões, analisamos neste artigo quatro aplicativos de mapeamento de assédio sexual de rua, tomando por base os conceitos canônicos da semiótica discursiva. A abordagem teórica também opera um entendimento de cidades inteligentes como adjuvantes na conquista dos objetos de valor da sociedade. Neste caso, tal objeto deveria ser o combate ao assédio. A análise mostra que nem todos os aplicativos realizam a mesma performance, sugerindo que a promoção de políticas públicas é prejudicada devido a uma reiterada e distorcida visão sobre o problema.
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Baggio, A. T., & Luz, N. S. da. (2019). A dimensão política do assédio sexual de rua: aplicativos de mapeamento como iniciativas de cidade inteligente. Estudos Semióticos, 15(1), 132–151. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2019.160193
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