Em contraste com as miocardiopatias dilatadas, as formas hipertróficas mostram um aumento na espessura das paredes do VE, notadamente do septo interventricular, sem que haja dilatação da cavidade ventricular. 1 Esta miocardiopatia foi primeiramente descrita por Schminke, 29 em 1907, e posteriormente reconhecida, no final da década de 50, por Brock. 30 e Teare. 31 Brock notou a presença de gradiente pressórico localizado na via de saída do VE em seus dois pacientes que tinham hipertrofia maciça do VE, na necropsia. Teare relatou a característica assimétrica desta hipertrofia, mostrando, em estudos de necropsia, que o septo interventricular era a região predominantemente hipertrofiada, produzindo uma protuberância para o interior da via de saída do VE, o que o levou a denominá-la "hipertrofia assimétrica do coração". A existência da obstrução subaórtica dinâmica e variável com diferentes manobras e drogas foi reconhecida por Braunwald et al. 32 que passou a denominá-la "estenose subaórtica hipertrófica idiopática", 32 ou "cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva". 33 ou "estenose subaórtica muscular". 34 A causa da obstrução subaórtica foi atribuída à aposição sistólica do folheto anterior da valva mitral ao septo interventricular, tendendo a ocluir a via de saída do VE. 35 Logo se reconheceu que a obstrução subaórtica não era a principal característica desta miocardiopatia, pois diversos pacientes apresentavam hipertrofia assimétrica com pouco ou nenhum gradiente subaórtico. 36 Ficou então estabelecida a existência de uma forma obstrutiva e uma não-obstrutiva da miocardiopatia hipertrófica. Histologicamente, as células musculares se apresentam de uma forma singular nesta doença. 37 Existem áreas no miocárdio onde a arquitetura celular está completamente desarranjada, com células bizarras, dispondo-se em forma de espirais. A localização dos agrupamentos celulares anormais é variável. 37 Eles são encontrados no septo interventricular e na parede livre do VD e VE em pacientes com a forma não-obstrutiva; por outro lado, nas formas obstrutivas, estas células somente são encontradas no septo interventricular; na parede livre, a hipertrofia notada é indistinguível daquela secundária à hipertensão arterial ou à estenose aórtica. A impressão é de que quando a anormalidade celular se restringe ao septo interventricular (formas obstrutivas), a hipertrofia da parede livre é secundária à obstrução da ejeção ventricular. A forma não-obstrutiva teria um envolvimento muscular mais generalizado, sendo a hipertrofia da parede livre devido à própria doença miocárdica. 37 Por ser capaz de avaliar o septo interventricular, a parede livre do VE e o movimento da valva mitral, a ecocardiografia aumentou a quantidade de informações para melhor compreensão desta patologia. Assim, devido à fácil evidenciação ecocardiográfica do caráter assimétrico da hipertrofia ventricular esquerda, esta cardiopatia passou a ser denominada "hipertrofia septal assimétrica", 38 podendo-se apresentar com ou sem obstrução subaórtica. A ecocardiografia mostrou também que a forma não-obstrutiva é muito mais comum que a obstrutiva, 39 ao contrário do que se supunha. Com a ajuda deste método, foi possível avaliar mais corretamente a incidência familiar da
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Dores, H. (2018). Miocardiopatia Hipertrófica. Revista de Medicina Desportiva Informa, 9(5), 22–24. https://doi.org/10.23911/miocardiopatia_hipertrofica
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